Não Solte | Terror explora a tensão entre crença e dúvida em cenário apocalíptico

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura
3.5 Muito Bom
Crítica - Não Solte

Alexandre Aja, conhecido por trabalhos como Predadores Assassinos, Viagem Maldita (remake de Quadrilha de Sadicos), Oxigênio entre outros, traz em seu novo trabalho, Não Solte, a oscarizada Halle Berry em um terror que explora bem sua estrutura psicológica, embora deixe um final bem divisivo para o publico.

O longa traz a história de Momma (Berry) e de seus dois filhos, Nolan (Percy Daggs IV) e Samuel (Anthony B. Jenkins). Os três moram em uma casa, que pertenceu aos pais da mulher, situada em meio à uma floresta assombrada. Para sair de casa, os familiares precisam amarrar no corpo uma corda que o livram do “Mal”. A outra ponta do artefato fica fica presa à fundação do imóvel.

Entretanto, Nolan, o filho mais novo, passa a questionar os motivos que levam Momma a obrigá-los a seguir o ritual para encontrarem comida. E, durante o ato de questionamento do jovem, ocorre um fato que vira o motor do roteiro.

Paris Filmes/Reprodução

O roteiro escrito Kevin Coughlin e Ryan Grassby lembra bastante uma mescla de Bird Box com A Vila na sua estrutura em 3 atos. No primeiro, Aja busca explicar a situação daquela família e contextualizar os telespectadores sobre tudo o que aconteceu anteriormente. Na seguinte, o foco recais sobre a luta por comida, e a última traz o desenrolar da história e é quando o filme começa a ficar mais intenso.

Aja é esperto em contextualizar apenas o necessário para o publico entender o que está se passando ali e fazer seus questionamentos, assim como Nolan o faz durante o longa. O Mal é visto somente por Momma, em forma de zumbis e pessoas que não existem, enquanto ela faz o possível para proteger os filhos – nem que para isso tenha que por de lado os afetos, fazendo o questionamento amplia sobre aquilo ser real ou imaginação. Quanto mais você vai assistindo, menos você sabe o que é real e que é fruto da cabeça dos personagens.

Contudo se esse é um dos grandes trunfos do filme, o diretor se perde um pouco nessa linha tenue na parte final, ao ficar indeciso entre se é sobrenatural ou algo mais metafórico em relação a estrutura mais psicológica. O encerramento que deixa pistas para uma suposta psicológica, acabam deixando as coisas muito mais ambíguas que deixa mais perguntas do que respostas ao fim da sessão.

Paris Filmes/Reprodução

Se esses pontos podem ser um calcanhar de aquiles, as atuações se sobressai. Halle Berry surge muito bem como uma mulher que não sabe o que é real e o que é coisa da sua cabeça, retratando os dois lados muito bem. Percy Daggs IV e Anthony B. Jenkins entregam uma atuação de impressionar. Nos momentos mais altos do filme, que acabam sendo maiores do que os de Halle Berry, os dois trazem muitas expressões e personalidade.

Pra finalizar, Não Solte apesar do deslize em sua parte final, entrega um bom suspense que nos faz questionar o que é real e o que imaginação, além da crença e a duvida em meio a um cenário apocalíptico.

Crítica - Não Solte
Muito Bom 3.5
Nota Cinesia 3.5 de 5
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