A Era de Ouro | Um tributo ao legado da Casablanca Records e da indústria musical dos anos 70 entregue de forma morna

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura

Recentemente fiz uma crítica sobre a cinebiografia da Whitney Houston, e mencionei como atualmente Hollywood está no hype desse genero.

A Era de Ouro é a nova aposta do genero, que traz não um grande artista em destaque, e sim em Neil Bogart, fundador da Casablanca Records, uma das maiores gravadoras independente que lançou importantes artistas como Donna Summer, KISS e Village People.

Neil Bogart (Jeremy Jordan) nem sempre teve esse nome. Nascido no Brooklyn, em Nova York, o jovem rapaz cresceu vendo o pai se endividar e apanhar por isso – é justamente por essa razão que quer sair dali e ter uma vida melhor. Neil começa a vida fazendo breve sucesso como cantor, muito por conta da sua visão de marketing, que o permitiu ganhar de Elvis Presley em um concurso local. Assim ele consegue, junto com seu sócio Cecil (Jay Pharoah), abrir a gravadora independente Casablanca Records. Seu senso para negócios e seu bom ouvido foi capaz de detectar talento em grupos e cantores que ouvimos até hoje, porém a trajetória e a demora para que esses mesmos talentos de fato estourassem na mídia se misturou com a vida pessoal de Neil, ao ponto de ambas as áreas de sua vida estarem tão intrinsecamente emaranhadas, que foi impossível separar as coisas.

Paris Filmes/Reprodução

Dirigido pelo filho de Bogart, Timothy Scott Bogart (Páginas de Uma Vida) o longa apesar de ousar em trazer uma figura mais desconhecida do publico, bebe da estrutura da maioria das cinebiografia já feita para fazer uma ode da carreira e vida do protagonista. Se por um lado é interessante ver essa figura, o roteiro estruturado com Bogart quase quebrando a quarta parede para interagi com o publico e contando suas vivências acaba escorregando algumas vezes no velho clichê do sonho americano e em outros momentos sua montagem prejudica a experiência para história. Não é de tudo uma bagunça, já que parece ter os problemas da biografia do Queen, onde eles trazem pontos da vida da banda e não situa bem os eventos, aqui temos a vida de Bogart, sua família, triângulos amorosos e a Casablanca Records, e tudo é passado pra a gente que algumas subtramas se perdem e segue sem alguma explicação ou somente em um texto no final do final.

A parte musical apesar de usar regravações da epoca, não incomoda e até traz uma nostalgia para quem ouvia esses clássicos. O problema está quando o longa apresenta as presenças de palcos que não ficam muito bem ou são genérica.

Paris Filmes/Reprodução

Um ponto que o filme  acerta em cheio é na sua direção de arte e maquiagem, que brilham mesmo com o pouco orçamento que tem e sabe retratar a extravagância daquela decada. O unico problema está no uso de tela verde em alguns momentos que prejudica a imersão nessas cenas.

Conhecido por seu papel na série Supergirl, Jeremy Jordan,não compromete, mas também não faz nada excepcional aqui como o protagonista. O elenco é secundário é ok sem ninguém realmente se destacando.

Pra finalizar, A Era de Ouro é um filme que vai atrair os fãs de cinebiografia a conhecer uma figura um tanto desconhecida por muitos. O longa se vende como uma carta de amor de filho para pai que bebe a formula pronta de fazer uma obra do genero, apesar de sofrer com alguns deslizes, ao menos pode proporcionar um bom programa para os menos exigentes.

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