Perception traz uma experiência diferenciada e original para o gênero Survival Horror

Danilo de Oliveira
9 Min de Leitura

Jogos indies são uma sempre uma clara oportunidade de conhecer algo realmente original numa industria repleta de shooters e AAA cinematográficos,que ultimamente lotam os games.

Estava eu revirando a PS Store em busca de algum titulo diferente e boas ofertas que me deparo com Perception,game de elemento Survival Horror(gênero que voltou a ativa no mercado recentemente e que gosto bastante)com uma ideia até então original: Uma protagonista  com deficiência visual! Mas fica ai uma grande questão: como iríamos jogar e interagir com uma personagem tão peculiar? A resposta é algo chamado de eco localização. Quando Cassie bate sua bengala no chão ela é capaz de “ver” o que está ao seu redor com base no som no melhor estilo Demolidor da Marvel. Isso também serve para outros itens na casa, por exemplo, se um rádio está ligado, o objeto e os móveis ao redor dele também ficam visíveis. Não pense que “ah, então é moleza, é só sair batendo a bengala” porque existir uma tal de Presença que é atraída pelo som, então se você fizer barulho demais, seja com a bengala ou correndo pela casa, logo você começa a ouvir barulhos sinistros e a tela, normalmente azul e preta, passa a ter uma coloração vermelha e Cassie diz que não está se sentindo muito bem… ops, a criatura está por perto.

Na historia do game jogamos com Cassie, deficiente visual desde a sua infância,que é atormentada por pesadelos onde ela enxerga uma mansão e coisas que potencialmente lá aconteceram. Para tentar descobrir o que realmente aconteceu naquele lugar, e o porquê de seus sonhos, ela resolve ir até o local e investigá-lo.

No início do jogo nos é dada a opção de escolher dois modos: a Cassie falante ou a Cassie calada. Uma dica: A Cassie falante é a recomendada já que ela faz comentários sobre tudo e até avisa sobre a Presença. Pode soar chato ouvi-la falando o tempo todo, mas não é o caso: ela é uma personagem bem divertida e consegue até nos tirar risadas em meio a tensão.

E tensão é o que não falta em Perception. Seja por meio dos sons, que são extremamente importantes no game, já que servem de alerta para a Presença, ou pelos cenários macabros, com corpos esquecidos e brinquedos não recomendados para crianças, que contribuem bastante para o clima sinistro, Perception inovou em usar uma outra maneira de causar medo, que contribui bastante para a sensação de pavor constante.

Os gráficos de Perception são até então, diferentes do normal, mas isso não quer dizer que sejam algo incrível. Por se tratar de um jogo em primeira pessoa que traz uma protagonista cega, o game faz com que o jogador tenha uma ideia de percepção do lugar onde se encontra através dos sentidos aguçados de Cassie. Os gráficos têm um estilo monocromático em azul e muito simples se comparados aos jogos atuais, onde ventos e outros ruídos fazem através de vibrações com que mais partes do cenário se tornem visíveis por causa do som emitido.

Além dos passos, ventos e ruídos, Cassie conta com uma bengala que a auxilia durante a sua movimentação pela casa. Para utilizá-la, basta o jogador pressionar o botão R2(no PS4) para que a personagem bata com a bengala no chão e/ou em diversos objetos pelo cenário. Aqui é possível perceber que a equipe por trás do jogo tomou cuidado em diferenciar os sons e o eco provenientes dos objetos, uma vez que o som originado de um copo de vidro é bem diferente de um outro vindo de uma tábua de madeira.

A jogabilidade se assemelha muito com a franquia Outlast. Aqui também temos um personagem comum, sem grandes habilidade e armamento a sua disposição. Para Cassie, resta apenas correr e se esconder em locais específicos da casa para escapar de um confronto com o único inimigo do jogo, a tal entidade Presença.

Como disse acima para passar despercebido pelo fantasma, o jogador deve se mover lentamente pelo cenário, pois o inimigo é alertado pelos barulho emitido pelos passos da personagem. Caso você seja capturado pela Presença, é morte instantânea e você começa o jogo novamente em pontos determinados.Com isso no entanto percebi que há dois jeitos para seguir em frente: você pode bater a bengala loucamente e sair procurando todos os touchstones,(pontos de salvamento) não se importando muito com a Presença — que quando te pega, faz Cassie acordar ofegante no último ponto salvo — ou você pode ser cauteloso, usar a bengala com moderação e simplesmente seguir para seu objetivo, que é mostrado usando o sexto sentido de Cassie, apontando para o próximo local aonde você deve ir. As touchstones nesse segundo modo de jogo são simplesmente consequências encontradas no caminho. Joguei dessa maneira, porque… bem, porque queria ter a experiência completa de tensão que um game do gênero merece. É bom que tenha as duas opções de jogabilidade exatamente para os jogadores mais temerosos.

Cassie deve vasculhar a casa em busca de itens que a ajudem a entender a história e resolver quebra-cabeças que venham a aparecer. Entretanto, diferentemente de outros jogos de terror, em Perception os quebra-cabeças são muito simples. Além disso com o uso do sexto sentido de Cassie, que faz com que ela possa enxergar os itens e lugares onde ela deve ir, pode desagradar aqueles jogadores mais hardcores do gênero por simplificar mais as coisas.

Para conseguir saber o que está escrito nos itens encontrados, Cassie utiliza seu smartphone com o aplicativo Delphi que faz um scan no que está escrito e o reproduz oralmente. Além do aplicativo, Cassie possui a habilidade de tocar em um objeto e ver a história por traz dele, como uma memória. Essas memórias ajudam e muito o jogador a entender o que se passou dentro da casa.

Um ponto interessante do uso do celular se dá pelo fato de Cassie poder ouvir músicas através dele. Basta acessar ao menu (pressionando o direcional para baixo) até chegar ao símbolo de um fone de ouvido. Nele, o jogador pode escolher entre três músicas para ouvir enquanto explora os cenários da mansão.

Um pontos negativos do game esta em sua tradução. Ela está bem ruim. A legenda diz coisas diferentes do que Cassie fala, usa palavras incomuns ao contexto e ainda mistura partes em português com outras em inglês. Se você não tem dificuldades com o idioma original, sugiro prestar atenção às falas e esquecer as legendas, se não é o caso… você pode se sentir perdido às vezes.

Perception é mais uma prova de que os jogos indie são subestimados. Com uma  ideia bastante original e interessante, o game pode até ser um jogo de terror extremamente fácil, mas que garante bons sustos e uma experiência diferenciada.

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