Podemos dizer que a aposta mais arriscada do Marvel Studios desde o lançamento de Homem de Ferro em 2008 não tenha sido Vingadores,mais sim ao anunciar Guardiões da Galáxia como um dos filmes da sua fase 2. Que diabos uma equipe de terceiro escalão da editora,formado por seres exóticos como uma arvore gigante e um guaxinim usando uma metralhadora despertaria a atenção do publico?
Bom, mostrando ousadia e bom conhecimento em seus personagens e claro na figura brilhante e levemente doentia de James Gunn, um diretor pouco conhecido na época, o estúdio trouxe no primeiro Guardiões um dos melhores exemplares do seu UCM.
Pra continuação Gunn explorar ainda mais a relação do grupo e chuta o balde ao trazer um filme ainda mais engraçado do que o primeiro, com surpreendente elemento emocional, mas claro,sem cair no melodrama.
Após o inusitado grupo se unir para combater Ronan e seus lacaios, encontramos novamente Peter Quill (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista), Rocket (Bradley Cooper) e Baby Groot (voz de Vin Diesel) realizando um serviço em um planeta. Quando tudo dá errado, eles são forçados a escapar às pressas e, nesse processo, acabam encontrando o pai de Peter,Ego (Kurt Russel). Quill precisa, então, conhecer essa figura paterna e lidar com o seu passado que há tanto tempo deixara para trás enquanto todos eles têm de combater uma nova ameaça que se apresenta.
O que mais diferencia esse Vol. 2 de seu antecessor é a maneira como o filme trabalha cada um de seus personagens. Enquanto a obra anterior tinha o foco maior na construção da equipe e na maneira como deveriam derrotar Ronan, este explora os integrantes dos Guardiões de maneira mais íntima(quase trazendo nós fãs para conhecer e interagir com eles), garantindo a cada um deles um arco pessoal diferente. Gunn sabidamente divide o grupo em dois. Rocket, Baby Groot e a prisioneira Nebula se metem em uma enrascada ao lado de Yondu enquanto Peter Quill, Gamora e Drax tentam entender quem é Ego e quais são suas intenções.
Essa divisão funciona muito bem para desenvolver melhor os personagens e colocá-los em situações mais condizentes com suas naturezas, além de proporcionar cenas incríveis com climas bem diferentes. A questão é que Rocket junto de Ego, por exemplo, não daria certo e o mesmo é verdade se Gamora estivesse na situação contrária. Ponto para Gunn apesar de não ser nada inovador. Com isso, ganhamos algumas gratas surpresas, como uma participação maior de Yondu e Nebula, que permaneceram mais em segundo plano no primeiro filme. A apresentação de Mantis (Pom Klementieff), também, é um ponto a mais para Gunn, que extrai outros elementos quadrinescos, adotando o conceito de que a formação dos Guardiões está em constante movimento, o que, naturalmente, permite uma maior renovação das histórias, possibilitando que variados enredos sejam explorados.
Não são somente os “heróis” que recebem a devida atenção. Os diversos antagonistas também são cuidadosamente construídos ao longo da narrativa, com belas justificativas para fazerem o que fazem (algumas dessas verdadeiramente hilárias).Posso dizer que o Vol. 2 acerta na medida na ameaça, não quero entrar mais em detalhes para não dar spoilers, então basta dizer que ele dialoga perfeitamente com os personagens principais. É a velha história: dessa vez é pessoal.
A mistura homogênea se faz presente, também, na trilha, especificamente no Awesome Mix Vol. 2, que se faz presente, de novo, organicamente, o que proporciona um dos melhores momentos do filme, quando Kurt Russel, digo, pai de Peter, analisa as letras de uma canção. É preciso notar como o tom dessas canções dialogam de forma ainda mais perfeita com o da própria história, algumas assumindo o saudosismo, a melancolia ou animação, fornecendo um peso a mais às sequências da obra.
Chris Pratt, resume perfeitamente a dor dentro de si, as diversas memórias de seu passado e o simples fato de ter que lidar com seu pai, que torna sua jornada pessoal verdadeiramente árdua. Mesmo que o texto seja mais dramático, Pratt ainda consegue arrancar várias risadas simplesmente pela forma como fala. Dave Bautista, porém, é, de longe, o mais cômico do grupo, estando claramente mais solto em seu papel, que, agora, é melhor trabalhado pelo roteiro. Michael Rooker, do outro lado, aumenta a gravidade da história em uma jornada mais íntima, que dialoga com a de Peter. Zoe Saldana, por sua vez, demonstra uma personalidade mais aberta, não dispensando, é claro, as características principais de sua personagem. Já Bradley Cooper, como Rocket, é a personificação da pessoa que esconde os sentimentos e está claramente mais a vontade no papel de dublador. Kurt Russel, consegue roubar todas as sequências em que aparece, sendo capaz de nos entreter somente com suas expressões faciais. Pom Klementieff, como Mantis, traz um ar de mistério e retoma a mesma sensação que tivemos quando os personagens foram apresentados na obra anterior. Além disso, suas habilidades certamente abrem ótimas novas possibilidades, que, inclusive, são utilizadas a fim de alavancar a narrativa para a frente.
Claro que é impossível não mencionar o visual colorido e estonteante da obra. O planeta de Ego tem um design fenomenal, as naves têm visuais cada vez mais incríveis, os Soberanos são tão exagerados que chegam a ser engraçados além de belos, mas num bom sentido.Os Saqueadores também tem um background bem diferenciados entre suas tribos. O CGI é sempre de qualidade(detalhe na recriação de um rosto digital que é sensacional), os combates são incríveis e bem filmados,destaque também para o incrível plano seqüência utilizado na abertura ao mostrar o Baby Groot dançando enquanto seus companheiros combatem.
Guardiões da Galáxia Vol. 2 consegue manter-se no mesmo nível do original, enquanto explora caminhos diferenciados, mantendo, é claro, o característico humor escrachado, além de divertido e capaz de mexer com os espectadores de diversas formas, sem forçar a barra com melodrama e nem comédia pastelão desnecessária.Com ótimos efeitos visuais e com um roteiro repleto de referências a produções como A Super Máquina, Cheers e Mary Poppins, além de elementos da cultura pop como Pac Man e David Hasselhoff. Gunn abusa das cores fortes e do efeitos fantásticos, criando uma experiência quase que exotérica e prova que a Marvel chega atinge seu ápice quando busca o diferente e inesperado.
.Obs: Não deixem antes dos créditos, pois tem CINCO cenas durante eles!
O filme está foda demais! Ri demais com o Drax e o Rocket, adorei a maneira como o diretor apresentou os personagens e suas personalidades. Concordo com a forma de ter colocado alguns personagens juntos favoreceram o filme! O Rocket mesmo brilhou na parte em que estava preso, o baby Groot também. Enfim se eu pudesse veria 2 vezes no mesmo dia!