Invocação do Mal é um fenômeno isso não há discursão. O filme de 2013 dirigido por James Wan se tornou um sucesso tão formidável que abriu caminhos para uma franquia que agrega além da série principais baseadas nos casos sobrenaturais do casal Warren, vários derivados vistos nela como Annabelle, A Freira entre outros, o famoso “Invocaverso”.
Depois de uma boa leva de derivados, chegou a hora de sua série principal ganhar um novo capitulo, mas dessa vez seu idealizador não está atrás das câmeras como de costume, Wan atarefado como nunca em Hollywood deixa o cargo a disposição para seu pupilo Michael Chaves(idealizador do fraco A Maldição da Chorona) tomar a difícil tarefa de manter a qualidade da franquia da Warner em Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio.
De inicio posso dizer que Chaves consegue manter a série nos trilhos do mínimo que se espera, mas a ausência de Wan é sentida, ainda que haja novidades na formula consagrada da franquia.
Na história, acompanhamos os Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga, perfeitos) na tentativa de solucionar um caso de possessão demoníaca. No entanto, conforme o caso avança, eles percebem que há algo mais por trás: um possível ritual satânico de possessão.
Pra lidar com essa trama o roteiro de David Leslie Johnson-McGoldrick (que já co-roterizou o anterior) e James Wan, já deixa de lado a tradicional formula da franquia com casa mal assombrada e coloca os protagonistas em uma verdadeira investigação policial para tentar reunir evidências palpáveis que justifiquem o ato horrendo cometido pelo rapaz de 19 anos. Ao invés do enfrentamento direto contra uma assombração, o diretor e roteiristas optam por colocar o horror sendo criado e causado por uma outra pessoa. O além, que no caso é representado pela presença do demônio em busca de uma alma para chamar de sua, acaba surgindo apenas por influência terrena. Alias é outra novidade a se destacar aqui, a vilã da trama, que em alguns pontos faz desse capitulo, o mais “pé no chão” da franquia. O problema está no terceiro ato, onde se apressa para entrega um encerramento e a tal figura acaba se tornando algo meio mal aproveitado, apesar de toda a intimidação que parece transparecer durante a projeção.
Mesmo com essas mudanças o grande fio condutor e coração da franquia sempre foi o casal Warren e toda a abordagem só funciona graças a eles. Colocando um tom até mais romântico a trama, a química de Wilson e Farmiga confere brilho ao seus personagens. É possível ver aqui as consequências que eles carregam por estarem sempre em constante contato com o sobrenatural e como esse preço é salgado. Apesar de Lorraine ter a comunicação entre os dois planos, aqui o Ed também tem um grande destaque a trama.
É importante aqui também ressaltar o elenco de apoio que também se mostra bem nos seus arcos de personagens, destaque para o garoto Jullian Hilliard, que vive David Glatzel, irmão mais novo de Debbie Glatzel (Sarah Catherine Hook) e o primeiro da família a ser possuído, com seu exorcismo sendo responsável por conectar os Glatzel aos Warren, claro, ao eventual assassinato por Arne (Ruairi O’Connor). O garoto manda bem na sua interpretação sensível e assustadora.
O diretor Michael Chaves, apesar de tentar encontrar seu estilo para a franquia, não é um James Wan, e isso se sente, mesmo com o próprio criador na produção. A boa escolha na fotografia e em seu design de produção concede bons frutos para a direção contornar seus toque de caixa e manter o bom nível da franquia, além de homenagear inúmeros clássicos do cinema de horror. O longa também apesar de usar seus famosos jumpscares, exagera menos no recurso para explora mais o suspense. Mas claro que para os fãs da franquia e do que eu gosto de dizer “terror de shopping” Invocação do Mal 3 ainda tem boas cenas para fazer você grudar na cadeira, como por exemplo uma cena em um necrotério.
No geral Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, explora novas abordagens na franquia e até acerta bem em trazer mais drama e suspense que sustos baratos. Mas a troca na direção é sentida e deixa a sensação que a franquia deseja se manter na média que do que realmente ganhar a nota mais alta. Pode decepcionar quem espera algo excelente como seu primeiro exemplar, mas ainda sim, é acima da média que a maioria dos terrores que vemos na sala de cinema mais próxima.