O Retorno de Ben | Simplicidade no roteiro é a base do novo filme de Peter Hedges

Priscila Dórea
4 Min de Leitura
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Na manhã da véspera de Natal, Ben (Lucas Hedges) volta para casa inesperadamente, surpreendendo a família. Sua mãe, Holly (Julia Roberts), se alegra por passar as festas com o filho, apesar de se preocupar com a capacidade do jovem em permanecer longe das drogas, enquanto sua irmã e seu padrasto temem que ele cause estragos em suas vidas, como já fez tantas vezes antes. Depois do susto da chegada, Holly concorda em deixá-lo passar o feriado com a família, mas com uma condição: ela será a sombra de Ben nas próximas 24 horas, acompanhando cada movimento do filho.

A princípio, O Retorno de Ben parece mais um filme sobre um jovem com problemas com drogas e uma mãe que quer acreditar de qualquer forma que ele está bem. A história depois disso costuma seguir ou pelo caminho doloroso e visceral onde os personagens tentam livrar o jovem das drogas, ou aquele onde a família entra em uma guerra com as antigas más companhias dele, com algumas reviravoltas, perseguições e tiros de brinde. O filme não deixa de ter um pouco disso em sua história, mas a simplicidade do roteiro fez o longa tecer seu caminho através dos clichês.

A história cresce montado na pura excelente atuação de seus atores – o que aqui, de forma alguma, é uma coisa ruim -, onde a trama se desenrola de forma realista o suficiente para que quem estiver assistindo perceba que aquilo pode acontecer com qualquer pessoa e até em sua própria família. Holly não desiste do filho e algumas vezes pode nos dar aquela ilusão de ser o tipo de mãe que quer tanto que sua criança esteja bem, que simplesmente ignora os sinais. Porém, não nos iludimos assim por muito tempo.

Holly é o tipo de mãe que passa a mão de leve na cabeça do filho e então dá um tapa para garantir um choque de realidade, mostrando que as opções que está dando são as únicas que ele tem. Ela está longe de ser iludida com a situação com a qual se encontra e como tudo aconteceu. Maior prova disso são as cenas dela com o filho no cemitério e quando ambos encontram o antigo médico de Ben no shopping.

Por outro lado, o filme pode se tornar “fraco” para alguns justamente por essa simplicidade do roteiro. O Retorno de Ben é como o fragmento da vida de seus personagens, sem flashback e muita pouca explicação explícita do que Ben fez nos anos anteriores e que foi deixando sua família mais e mais desgastada e reticente em aceitar ele de volta completamente. O roteiro solta pistas, principalmente através das ações dos personagens, e assim conta um pouco sobre tudo que Ben possivelmente fez. O que de forma geral, é o comportamento comum para muitos viciados que ainda não se curaram do vício.

Não é que O Retorno de Ben seja um filme indispensável, mas é um que vale o tempo gasto assistindo. A atuação de Julia Roberts e Lucas Hedges está primorosa, e a história contada, apesar de seu pesado clichê, ganha realmente um poder com a simplicidade do roteiro. Falando não apenas da força de uma mãe, mas também da de um filho que quer, com todas forças, voltar para família.

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Jornalista e potterhead para toda eternidade, tem um amor nada secreto por mangás e picos de felicidade com livros em terceira pessoa. Além de colaboradora no Cinesia Geek, é repórter do Grupo A Tarde e coapresentadora do programa REC A Tarde.
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