Quem imaginaria que Deadpool ganharia uma versão light pra menores? Pois é surpreendentemente quando a Fox anunciou que o segundo longa ganharia uma nova versão pra toda a “família” há quem disse que era alguma jogada de marketing pra um especial ou coisa parecida, mas eis que Era Uma Vez um Deadpool chega aos cinemas e vemos que mesmo sendo uma forma descarada de lucrar em cima do mercenário tagarela, a nova versão ainda tem momentos bastante divertidos.
A história permanece exatamente a mesma que a do filme lançado em maio desse ano, os cortes feitos foram cirúrgicos e não prejudicaram em nada o entendimento da trama. As novas cenas são, em sua maioria com Wade Wilson contando o longa para o ator Fred Savage, famoso pelas participações nos clássicos “Anos Incríveis” e “A Princesa Prometida“, as cenas são hilárias e são marcadas pelo humor rápido de Ryan Reynolds. Além disso cenas excluídas foram incorporadas na nova versão, algumas já vistas na versão alternativa lançada em Blu-Ray e intitulada de “Super Duper Cut“.
Para o público que por acaso não viu “Deadpool 2” e quer fazer desta nova versão a primeira vez, é importante saber que na exclusão das cenas de violência explícita se foram também fatores essenciais do personagem principal e, convenhamos, uma parte crítica para o espírito da produção. Sem poder mostrar derramamentos de sangue, “Era uma Vez um Deadpool” não consegue apresentar com eficácia as habilidades de luta e regeneração do super-herói e perde um tanto do trabalho do diretor David Leitch a ponto de deixar confusas certas cenas de ação, como as da batalha final. Caem também sequências inteiras da versão original como a do combate em Hong Kong e a dos créditos iniciais (com a música-tema da Celine Dion). Porém, o espaço aberto com os cortes permitiu não somente a inserção das cenas com Savage, mas também de sequências da versão estendida inexistentes na versão original do cinema, por exemplo, as tentativas de suicídio de Wade que incluem até material inédito.
O filme também modifica algumas frases(retirando certos palavrões ditos) e detalhes das versões anteriores fazendo com que a experiência de rever se torne uma divertida caça a referencias e diferenças para quem já viu “Deadpool 2” aos monte. Como exemplos, o grafite em homenagem a Stan Lee (inserido na hilária sequência de voo dos X-Force) foi atualizado, assim como os rótulos da cocaína escondida de Wade. As restrições do novo formato também ofereceram oportunidades criativas e bem aproveitadas de fazer humor com as censuras, criando brincadeiras com imagens borradas e os bipes que substituem palavrões. A chance de revisitar o filme ainda abriu brechas convenientes para endereçar com bom humor algumas críticas que a versão original recebeu.
O que no papel parecia ser uma desnecessária e oportunista versão, na prática consegue surpreender e até recompensa os fãs, adicionando novas perspectivas (e muitas piadas) ao prazer de rever “Deadpool 2”. Entretanto, em caso de primeiro contato com o filme, as cenas com Fred Savage não possuem o mesmo impacto para um novo público, pois interrompem a narrativa para fazer comentários que fazem mais graça para quem já viu as versões anteriores. Isso sem falar que boa parte do humor e da ação se perca devido aos cortes na edição.
Era Uma Vez um Deadpool é uma versão “Você quer brincar na Neve” de um mesmo filme lançado,que abandona parte da essência do personagem para atingir uma classificação indicativa mais abrangente, mas compensa com cenas novas e hilárias.
Há, um outro detalhe importante: Há novas cenas pós-créditos, então fiquem até o final!