Os Estranhos: Caçada Noturna | Usando mal o clichê do terror, sequência deixa muito a desejar

Priscila Dórea
5 Min de Leitura

Quando o filme de Os Estranhos foi lançado dividiu opiniões, mas garantiu uma bilheteria de 82 milhões de dólares, tendo investido apenas 9 milhões. O sucesso, cheio de pessoas que odiaram o filme, não parece que vai se repetir em sua sequência, Os Estranhos: Caçada Noturna, ainda mais se todos ainda se lembrarem do que não gostaram em seu antecessor.

Na história, acompanhamos uma família prestes a mandar a problemática filha adolescente, Kinsey (Bailee Madison), para um colégio interno. Como despedida – meio a contragosto por partes dos filhos -, eles embarcam numa última viagem em família para um parque de trailers onde os tios de Cindy (Christina Hendricks), a mãe da família, moram.O lugar está deserto por causa do inverno que se aproxima, mas a viagem entediante se torna aterrorizante quando Kinsey e seu irmão, Luke (Lewis Pullman), descobrem os corpos de seus tios-avós esquartejados e então… Recebem a visita de estranhos mascarados.

Antes de qualquer comentário, é importante ressaltar que ambos os filmes são baseados nos assassinatos cometidos pela seita de Charles Manson. Como os assassinos mascarados parecem atacar sem nenhum motivação além de matar a sangue frio, uma breve introdução sobre a Família Manson deveria vir antes do filme começar. Porém, sinto que, nem mesmo mencionar os Manson, para situar o aviso de “baseado em fatos reais”, salvaria esse filme.

A história é um o clichê. Porém, se ainda é possível surpreender com “um grupo de jovens viaja para um lugar isolado”, o mesmo é possível com “uma família viaja para um lugar isolado”. Por mais que a falta de roteiro seja praticamente uma chave para criar o clima desse filme, essa aparente falta de roteiro ainda é um roteiro. O plot nesse caso é bastante previsível, mas com grandes aberturas para nos entregar um filme decente. O que não acontece, apesar das tentativas.

A edição do filme ficou tão caótica, que qualquer um perceberia as falhas. São erros de sequência do tipo: chegar em um lugar por um caminho simples e na cena seguinte se meter dentro de uma pequena floresta já que, de repente, não sabem mais voltar. Sem falar nas feridas que de repente somem… Então voltam, mais sangrentas do que nunca.

Apesar das falhas incômodas, você consegue seguir assistindo. Os atores ficam oscilando entre 8 e 80 na questão atuação, se mantendo em grande parte no 80. As cenas de morte são boas no geral. Principalmente a da piscina. A cena da piscina quase vale o ingresso e você começa a imaginar que seu tempo ali até que valeu a pena, afinal as músicas são muito boas também… Até que acontece a cena “Kinsey e a ponte”.

Até essa derradeira cena, o filme não passava de um longa de terror clichê mal editado, com uma trilha sonora que distrai. Em filmes de terror comuns, se o assassino em um carro persegue a protagonista a pé em uma estrada, ela inevitavelmente vai correr em linha reta, só desviando quando for tarde demais.

Já em sátiras de filme de terror – como Todo mundo em Pânico -, ela correria em linha reta e acharia um bom plano parar, encontrar uma ponte a sua direita e correr para ela. Uma ponte do exato tamanho de um carro, onde ela não conseguiria fugir pelos lados. E é que isso Kinsey que faz, bem no estilo sadista de Todo mundo em Pânico.

O principal problema de Os Estranhos: Caçada Noturna, é abusar dos personagens idiotas. Sabemos que, quase por regra, personagens não tomam as atitudes mais inteligentes em filmes de terror. Eles nunca parecem ter assistido filmes o suficiente para reconhecer os perigos. É um filme que vale por umas poucas cenas e pela psicopatia relaxada e sem restrição dos assassinos, mas como um todo, não vale muito. Apesar de Kinsey quase ter conseguido sua redenção na sua cena final da estrada. Quase.

Share This Article
Follow:
Jornalista e potterhead para toda eternidade, tem um amor nada secreto por mangás e picos de felicidade com livros em terceira pessoa. Além de colaboradora no Cinesia Geek, é repórter do Grupo A Tarde e coapresentadora do programa REC A Tarde.
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *