Texto: Caroline Magalhães e Victor Fonseca
Deadpool 2 chega aos cinemas com a missão de manter o sucesso de seu antecessor. O primeiro filme do personagem foi uma grande surpresa. Foi um marco trazer, para o universo já saturado de filmes de super heróis, um filme sangrento, escrachado e cheio de auto referências irônicas. Agora, a continuação chega aos cinemas dois anos após o original com um orçamento bem maior e tendo que cumprir essa missão.
Apesar das expectativas, podemos dizer que Deadpool 2 fica na sua zona de conforto. A continuação investe em tudo aquilo que deu certo no primeiro filme e o potencializa: mais violência, mais ação, mais humor. Mas a impressão que fica é de que o filme se sustenta apenas através de referências. As piadas e a quebra da quarta parede estão presentes, mas apenas para arrancar boas risadas do público, sem ir além daquilo que o primeiro filme fez.
O par romântico do anti-heroi, Vanessa, interpretada pela brasileira Morena Baccarin, consegue a mesma proeza do primeiro filme: ser uma personagem que influencia o enredo mas que na verdade tem participação quase nula nele. Quem queria ver mais da personagem pode se decepcionar, mas a verdade é que para o enredo, a ausência dela pouco importa (como pouco importam, sejamos sinceros, as outras mulheres comuns que fazem o par romântico de super heróis).
O grande acerto do filme, e o que o diferencia do primeiro, foi investir em seu próprio universo. Cable, interpretado por Josh Brolin, é um personagem extremamente convincente e bem escrito, e as interações com o protagonista são de longe a melhor parte do filme. O conflito com um personagem à altura dele mesmo levou Deadpool a um lado mais heroico, por vezes quase meloso, mas a combinação com uma frieza e determinação de Cable tornou o resultado muito agradável de se ver.
É até difícil considerar o personagem de Brolin um vilão. Suas razões são convincentes, seus métodos não são especialmente cruéis. Assim, quando em oposição a Deadpool (mesmo a um Deadpool muito, muito mais emocional do que aquele do primeiro filme), a interação entre os dois não deixa valer a dicotomia bem versus mal que filmes de herói ainda tem dificuldade em se desligar.
Outra adição de destaque ao elenco foi a atriz Zazie Beets e sua personagem Dominó. Apesar de seus poderes não serem tão bem aproveitados no filme, Beetz mostra uma personagem carismática e que pode evoluir bastante em próximas histórias. Já a direção de David Leitch (John Wick, Atômica) não é tão marcante com em seus filmes anteriores.
O que foi prometido, foi entregue. O filme consegue desenvolver o seu universo próprio, mas no geral, não há muito além de piadas e referências (especialmente à Guerra Infinita). Deadpool 2 é um excelente filme para quem quer dar boas risadas, curtir uma boa ação.
Obs: O filme tem a melhor cena pós-créditos de todas. Se Deadpool 2 fosse só aquilo, já valeria a pena.