X-Men: Fênix Negra | Dá para aproveitar se você for com expectativas baixas

Catarina Lopes
6 Min de Leitura

Antes das primeiras reações à este filme saírem, eram poucos os gatos pingados que eu vi terem expectativas altas para ele. O que, na verdade, funcionou muito bem como marketing para este capítulo na saga dos X-Men; fui com as expectativas baixíssimas.

E chegando lá, encontrei um filme mediano. Fui entretida, admirei a Sophie Turner tirar leite de pedra de um roteiro medíocre para fazer uma boa atuação e amei a trilha do Hans Zimmer.

Ainda assim, não consigo sentar aqui e escrever uma crítica enchendo o filme de elogios, ou xingando ele com muita emoção. É um filme capaz, divertido, mas que não chama muita atenção ou me faz ter sentimentos fortes.

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O esforço de fazer Fênix Negra me parece considerável; a franquia dos X-Men perdeu uma figura central, o Bryan Singer, e a Fox já parecia estar meio caótica em relação ao que fazer com os mutantes, adiando este filme e quase engavetando Novos Mutantes, de tanto que ele foi adiado.

Parte do elenco também não parecia muito afim de voltar. Jennifer Lawrence já foi motivo de piada pela forma com que a maquiagem dela fica mais simples a cada encarnação da Mística, já que a atriz não esconde sua insatisfação com as longas horas na maquiagem, e a atriz entrega uma performance confusa como sua personagem, que foi bastante descaracterizada. Seu esforço parece mínimo, inclusive na forma em que entrega suas falas.

Eu não faço a menor ideia de onde veio essa Mística líder dos X-Men ao mesmo tempo que é subordinada à Charles e Hank, apenas com ocasionais reclamações. Ela não estava lá nos últimos filmes. Aliás, a descaracterização parece parte importante do roteiro desse X-Men, com um Magneto que faz acordos com o governo por uma ilha e um Professor X que coloca mutantes em risco pela massagem no seu ego.

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Alguns fanservices tentam ser feitos, mas é confuso – tecnicamente, a ilha de Magneto era uma referência à Genosha, mas não adianta fazer fanservice às custas de um roteiro coerente. Não adianta alguns fãs pegarem a referência se muitos espectadores ficarão confusos tentando entender como um personagem mudou tanto de um filme para o outro.

A Sophie Turner mostra o porquê dela ser, provavelmente, a atriz de Game of Thrones que vai dar mais certo no cinema. A menina faz tudo que pode para vender as motivações confusas de Jean Grey, que mudam entre uma montagem de flashbacks e outra, só com sua expressão facial, sem recorrer aos exageros normalmente utilizados por atores iniciantes quando são deixados na mão pelo roteiro.

Ela inclusive tem a melhor atuação do filme, mesmo cercada de nomes conhecidos, como James McAvoy, que também parece confuso na função do seu personagem no roteiro, sem saber se deixa ele mais intragável ou mais capaz de redenção, e Michael Fassbender, que entra no seu modus operandi de Magneto sem muito esforço, parecendo bem sofrido e vingativo, tudo que seu personagem é desde que ele começou a vivê-lo.

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Jessica Chastain infelizmente deixa a desejar como vilã. Visualmente, sua presença é ótima; ela parece estar se adaptando aos modos humanos com uma frieza necessária ao papel, e sua aparência está perfeita para passar esse sentimento. Mas o roteiro não faz muito com ela, e ela é uma mistura de Michael Shannon como General Zod em Superman e Christopher Eccleston como Malekith, o vilão esquecível de Thor: O Mundo Sombrio.

O argumento possivelmente feminista que o filme tenta ter é melhor se for ignorado. Além de falas soltas das personagens com um pseudo empoderamento que me deu vergonha, todos os clichês normais com personagens femininas são utilizados, inclusive o deprimente mas conhecido sofrimento da mulher que motiva outros personagens, que é usado três vezes em um filme de duas horas.

Apesar disso, eu me diverti vendo o filme, que consegue contar uma história minimamente coerente com visuais bons e uma trilha sonora bem feita. Eu queria muito ver mais da Sophie Turner como Jean Grey – o que é improvável, já que o futuro dos mutantes é incerto.

É um bom filme para assistir com os amigos no fim de semana, sem grandes expectativas. Este não é o melhor filme de super herói do ano, mas também não é o pior. E, considerando que os X-Men devem renascer das cinzas no estúdio ao lado, estas são cinzas bem competentes.

 

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Jornalista em formação e fã de cultura pop por natureza
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