Inaugurando uma nova era para a Marvel Studios, WandaVision traz o Universo Cinematográfico Marvel (MCU) para a TV, abre não só a fase 4, como mostra que há ainda muito da Casa de Ideias para ser explorado nesse novo conceito.
WandaVision é a primeira de uma nova leva de séries que se conectarão com o já famoso universo do cinema e já se prova como eu já tinha dito em minhas primeiras impressões, o produto mais diferente já feito pela empresa, ainda que traga elementos já conhecido de sua própria formula.
Se inspirando nas famosas sitcoms americanas, mas precisamente a febre dos anos 50 e 60, a série traz para o seu centro a comédia característica desses programas, como um pano de fundo para mergulharmos a fundo na história da Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen). Os 3 primeiros episódios mergulham bem nessa identidade de viagem ao universo das sitcoms, ao mesmo tempo que nos dava poucas pistas do que realmente está acontecendo, e deixando nós fãs cheios de teorias.
A partir do quarto capitulo, o véu se abre e elementos e personagens do MCU surgem para trazer algumas pistas, ainda que soltas, mas é algo bem pensado pela dupla Jac Schaeffer e Matt Shakman, que roteirizam e dirige para trazer o publico familiar do MCU a abraçar a proposta diferente do seriado.
Mas é essa estranheza é o grande acerto do produto. Unindo humor característico do estúdio com o estilo das sitcoms, alternado para o suspense e mistério, o programa mergulhar fundo em sua protagonista e a desenvolve através das suas lembranças e perdas em um incrível estudo sobre o luto sem se utilizar da figura da “mulher louca” que foi utilizada nas HQs. Aqui os traumas são explorados de forma minuciosa e não apenas um “surto” qualquer. E os east egg que o estúdio gosta de servir os fãs é algo de bater palmas por que tem aos montes e compartilhar com a personagem principal em alguns momentos.
E claro que quem é suprema aqui, é Elizabeth Olsen! Desde de quando surgiu interpretando a personagem, a atriz nunca pode utilizar todo seu potencial e aqui ela mostra que tem um talento descomunal. Intercalando entre humor, drama e até o terror, Olsen é dar um show e consegue passar toda a dor e sentimento da sua personagem para nos espectadores. O elenco de apoio não fica atrás, Paul Bettany traz muita humanidade ao querido sintezoide de vibranium e traz as cenas mais emocionantes do seriado, juntamente com um humor solto e teatral que ainda não tínhamos visto desde de sua estreia em Era de Ultron. Kathryn Hahn com certeza rouba cada cena que aparece como a misteriosa vizinha intrometida e navega pela série com uma naturalidade e carisma sem tamanho. E ainda temos Teyonah Parris como Monica Rambeu adulta tem mais uma introdução ao que seu personagem terá que desempenhar no MCU em breve.
Outro ponto a destacar na série é sua trilha sonora. Christophe Beck não só emula os estilos de cada sitcom, como cria um lindíssimo tema próprio para Wanda, e outro para ela e Visão. O compositor também incorpora pedaços de outros temas do MCU em seu trabalho, de forma sutil e respeitosa. No setor musical, ele é acompanhado pelas canções originais de Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez, casal vencedor do Oscar por “Frozen” e “Viva – A Vida é Uma Festa”, que aqui compõem todas as aberturas da sitcom “WandaVision”, sem falar na música chiclete do episódio 7, que com certeza ainda não saiu da nossa cabeça.
Apesar de alguns episódios expositivos ou uma barriga por causa de ter 9 episódios(ainda que com pouco mais de 30 min em média) e em outras que parecem acelerar para o seu clímax, WandaVision mostra que quando a Marvel Studios se arrisca pode trazer respiro para um gênero que parece saturado. Embora não tenha abordado em nenhum momento multiverso, mutantes, ou outra entidade(Mephisto?), o encerramento da minissérie deixou todas essas portas ligeiramente abertas para serem escancaradas no futuro. O programa ao menos foi sincero em apresentar uma história focada em seus personagens, sendo fechada mas deixando possibilidades de serem revisitadas novamente em um futuro próximo, como deixa sua ultima cena pós créditos.
WandaVision é a estreia com pé direito da Marvel no streaming do ratinho.
