2018 pode se dizer que foi um ano muito bom para os musicais. Tivemos mais uma versão do clássico, Nasce Uma Estrela estrelado dessa vez pela Lady Gaga e Bradley Cooper e o tão aguardado filme do Freedie Mercury e o Queen com Bohemian Rhapsody. Mas também tivemos lançado durante a temporada de premiações lá fora e chegando agora em terras nacionais, Vox Lux, novo filme da oscarizada Natalie Portman que tem forte inspiração nas polemicas popstar da musica. Ao contrario dos outros filmes aqui vemos uma desconstrução direta do que é de fato uma ascensão por caminhos tortuosos para alcançar a gloria para abordar a toxicidade da fama. Qual preço é preciso para se chegar ao topo?
O filme acompanha a carreira da cantora pop Celeste (Raffey Cassidy quando adolescente e Natalie Portman quando adulta) que tem sua gênese em um terrível ataque à sua escola que ceifa a vida de diversos alunos e quase acaba com ela.É em uma homenagem cantada de Celeste a seus colegas que ela é revelada ao mundo, juntamente com sua inseparável irmã mais velha Eleanor (Stacy Martin). Com isso, vemos a carreira meteórica de Celeste da virada do milênio até os dias de hoje e o que sua vida se tornou com o preço da fama.
É interessante ressaltar que o diretor Brady Corbet em seu segundo trabalho atras das câmeras conduz sua obra de forma um tanto que diferente e bem minimalista. Seu roteiro não trabalha com didatismo convencional de obras do gênero, lembrando até em alguns momentos o estilo do diretor Lars Von Trier, como por exemplo a divisão em capítulos (Gênesis, Regênesis e Final) e as simbologias que ele insere em sua obra.
Quando falo que o diretor mostra peculiaridade a executa sua obra ele já nos apresenta bem no inicio.Os créditos finais serem exibidos no inicio da projeção, já abrem os olhos do espectador. A câmera passeando e acompanhando seus personagens de perto com planos longos e complexos quase que documental, mostra um bom domínio técnico. Isso se por um lado é bom, por outro pode não capturar o grande publico do jeito que ele transmiti e entrega a trama.
Vox Lux é um mergulho no lado sombrio da fama e da celebridade, mas sem exagerar no drama, sem reinventar a roda. Corbet sabe disso e apresentando duas linhas temporais narrada incrivelmente bem por Willem Dafoe seu roteiro explora sua protagonista que é um arquétipo de vários artistas que desde de cedo foram estrelas mas acabaram se metendo em diversas polemicas em sua fase adulta (vide algumas cantoras que surgiram na Disney).Quando Corbet sincroniza a vida de Celeste com as tragédias ao seu redor, ele quer que nós entendamos que o mundo pessoal e o Mundo se interconectam e que todos nós afetamos e somos afetados pelos outros, algo que esquecemos diariamente.
Natalie Portman domina as atenções a partir do momento que entra em tela. Mesmo que o filme faça uma transição grande entre as linhas e compense pela narração em off, Portman traduz de forma precisa a perda de inocência e humanidade de Celeste, e o o produto de consumo que a fez se esvaziar para se manter como marca. Juntamente com sua parte mais nova vivida também muito bem pela Raffey Cassidy (que também faz sua filha no 2º ato), a atriz israelense carrega os holofotes pra si tanto no drama como na parte musical (com coreografia feitas pelo seu marido e coreografo de Cisne Negro) ela compõem bem a Celeste (a cantora Sia que também é produtora e compositora das canções a ajudou nesse processo). Stacy Martin e Jude Law também estão muito bem fazendo a irmã Eleanor e o seu empresário sem nome respectivamente.
Vox Lux – O Preço da Fama se disfere dos musicais lançado em 2018 justamente por aborda o lado mais sombrio da fama e associar que da tragédia surge estrelas, mas que o preço disso pode ser bem caro. Seu diretor usa um ritmo alucinante pra transmitir sua obra ao ponto de nos deixar reflexivos ao final dela.