Vingadores: Guerra Infinita | O grandioso ápice que o universo Marvel tanto esperou

Danilo de Oliveira
8 Min de Leitura

Há 10 anos atras a Marvel Studios lançava nos cinemas Homem de Ferro, e iniciava o seu tão ambicioso universo compartilhado. Bom, depois de 18 filmes e um planejamento incrível que fez o estúdio não só se consolidar como umas das melhores e mais promissoras do cinema, como criou uma identidade copiada por todos no meio.Eis que o seu tão aguardado projeto surge.

Vingadores: Guerra Infinita cumpre com louvor ao ser um preludio para o fim desse universo, e digo mais, não é absurdo anunciar que a terceira aventura dos maiores heróis da terra seja o projeto mais ousado do Marvel Studios em vários sentidos: na escala épica da trama; no conceito, que visa a interligar todos os personagens apresentados até o momento; e na própria narrativa, que abandona a estrutura clássica de três atos (com começo, meio e fim bem definidos) e aposta na subversão da “Fórmula Marvel” em momentos certeiros, dando ao longa um ar de imprevisibilidade constante. Essas decisões tomam caminhos diferentes dos habituais, mas conseguem manter a essência do que já conhecemos.

Depois de ser apresentado na cena pós-crédito do primeiro Vingadores,Thanos (Vivido magistralmente por Josh Brolin ) decide realizar seu intento por conta própria e conquistar as seis Joias do Infinito, de forma a comandar toda a realidade e exterminar metade de todas as populações existentes. Assim, todos os heróis do cosmos, com suas próprias razões para combater o Titã Louco, partem rumo à guerra definitiva contra o ser mais poderoso que o universo já viu.

Sabendo das dificuldades de colocar tantos personagens em um longa, os diretores Joe e Anthony Russo e os roteiristas Stephen McFeely e Christopher Markus decidiram sabiamente  apostar numa estrutura narrativa similar àquela vista em O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei: vários pequenos times partem em suas missões distintas e se relacionam através da ameaça do Titã Louco — isso dá ao longa um ritmo acelerado, que faz com que a projeção passe em um piscar de olhos. A apresentação de cada núcleo é feita com maestria, inserindo o público na linguagem do filme original – seja através das cores, como no caso de Asgard, ou da música, com os Guardiões da Galáxia e Wakanda. Por instantes, vemos curtas-metragens individuais, antes que eles se convertam rumo à “Manopla do Infinito”.

Apesar disso, as transições de personagens entre núcleos e os intervalos entre suas aparições dificultam o trabalho do espectador em acompanhar onde qual herói está em cada momento; é fácil esquecer do arco de um deles, principalmente durante o primeiro ato do filme. A consequência natural – e esperada – deste fluxo intenso de faces, é que muitas se perdem na multidão, mostrando-se dispensáveis no escopo maior da trama.

Mas se existe um protagonista nisso tudo o nome dele é THANOS! A espera de seis anos desde de sua aparição valeu a pena.De uma presença imponente, mas humana, o Titã Louco tem espaço de sobra para nos ameaçar, embora também nos torne suscetíveis a uma empatia. Curiosamente, as motivações que guiam o vilão são, indiscutivelmente, discutíveis. Criando um paralelo entre superpopulação e má distribuição de bens, já é possível duvidar das intenções do personagem de Brolin. O achado do roteiro não é nos dar motivações plausíveis, mas nos dar credibilidade em motivações que se tornam plausíveis dentro da cabeça desse ser, predestinado a cumprir um destino que ele mesmo previu, porque ele previu.

Há humanidade no alienígena, visto que suas intenções, seus objetivos, são criações de uma mentalidade insana, até mesmo inconstante, a depender dos anfitriões que o receber em suas desventuras pela galáxia. O Titã Louco é uma figura impactante, incrivelmente carismática, com traços passados que revelam profundidade e, acima de tudo, imprevisibilidade; difícil presumir quem ele é e o que ele verdadeiramente sente.Com isso temos o melhor vilão da Marvel e um dos melhores vilões criado nos últimos 10 anos em uma adaptação de quadrinho.

O uso de piadas muitas vezes pode ser um recurso interessantíssimo para estabelecimento rápido de relações, até mesmo durante a ação.A Marvel sempre utilizou sempre dessa formula,embora chegue a ser criticada por excessos em algumas de suas produções. O que difere Guerra Infinita de outras incursões, mais perigosas e até falhas nesse quesito, é um humor que nunca subtrai do que se está sendo construído como carga dramática. Não são poucas as vezes em que piadas contam muito mais do intrínseco dos personagens do que se está sendo posto na superfície – para exemplificar isso, o diálogo entre Thor e Rocket Racoon (Bradley Cooper).

No quesito cenas de ação, os conflitos no espaço são, naturalmente, muito mais interessantes, por até envolverem uma gama maior de poderes por parte dos personagens que lá se encontram. Além disso, os Russo criam um senso de coletividade impressionante – um dos mais inventivos, esteticamente gratificante, team-ups da Marvel. Já na Terra, mais especificamente em Wakanda, a grande batalha, apesar de ser estruturalmente bem construída,e tendo alguns fanservices louváveis, acaba tendo pequenos momentos de quebra, até mesmo em relação ao poderes de certos personagens.A montagem, contudo, conciliando tudo isso ao mesmo tempo, com pequeníssimas rupturas de ritmo, é de ser aplaudida.

Outro ponto que merece ser aplaudido em Guerra Infinita é a trilha sonora de Alan Silvestri. Além do (já icônico) tema dos Vingadores, o compositor acerta em cheio ao inserir algumas peças de coros vocais na trilha sonora — alguns deles aparecem em momentos cruciais, como as cenas em que Thanos se apodera de uma nova Joia do Infinito –, e contribuem para o clima épico e dramático que permeia todo o longa.

Vingadores: Guerra Infinita é, sem sombra de dúvidas, um ponto de virada para a franquia,o primeiro a colocar absolutamente todos os seus personagens em situação de risco e a trazer decisões de fato impactantes. Thanos é o vilão mais importante do MCU, representando uma mistura de loucura, inteligência e brutalidade nunca vista antes.Se existia uma ideia de unir um grupo de pessoas para lutar as batalhas que não poderíamos lutar,ela com certeza caminha para se concretizar de forma marcante.Que venha Vingadores 4!

 

Share This Article
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *