Luz, câmera e ação! Uma câmera na mão, uma ideia na cabeça! Será que essas frases revelam o necessário para se fazer um filme? Eu poderia responder de varias formas, principalmente com o advento da internet, mas claro que é há mais que isso para se fazer uma produção. Há inúmeros entraves. Mas porque eu estou falando isso aqui? Bom, é porque a produção que venho a falar aqui, Vigaristas em Hollywood, brinca e dialoga com esses entraves e meandros dos produtores em uma Hollywood, onde números e cifras falam sempre mais alto. Claro que aqui na comédia a picaretagem é surreal e despretensiosa para entreter seu publico.
Na trama Max Barber (Robert De Niro) é um cineasta falido que quer retomar a carreira. Embora tenha esse objetivo, seu roteiro mais amado não consegue obter nem recursos nem apoio para ser realizado. Já com uma dívida contraída devido ao financiamento de seu último longa-metragem (um fracasso total), o idoso, em um momento de desespero – ou lucidez -, decide produzir um falso filme em que o protagonista, um ator estrategicamente contratado, morreria, lhe rendendo o dinheiro do seguro. Reggie Fontaine (Morgan Freeman), o mafioso que ameaça trocar o débito pela vida de Max, embarca na ideia para reaver suas economias, e Duke Montana (Tommy Lee Jones), um velho e obsoleto astro de cinema, é escalado para a produção. Logo, a surpresa está no mantimento de uma disposição jovial do velho Duke, alvo teoricamente fácil – para Reggie e Max – de se matar. Apesar das inúmeras investidas, parece que não é tão fácil assim.
O roteiro despretensioso traz algo bem característicos dos desenhos animados do Papa-Leguas e o Coyote com Max tentando de varias maneiras dar cabo a vida de Montana e se dando muito mal. O texto sabe conduzir e reconhecer seus clichês de forma que o expectador que embarca no que a comédia se propõe vai se divertir com as trapalhadas.
E juntamente com esse humor, o roteiro insere ótimas sacadas como ironizar que uma produção western não pode ser dirigida por uma mulher, já que seria um gênero “masculino” ou as metalinguagem que o personagem do Morgan Freeman menciona fazendo analogia a Orson Welles e A Marca da Maldade adiciona ao roteiro, mais uma vez, a inteligência da conexão entre mundos cinematográficos.
Robert De Niro assim como o elenco em geral está bem proposto com o que o longa quer estabelecer e por isso funcionam. Morgan Freeman sendo um gangster e Tommy Lee Jones sendo um astro decadente e suicida completam o pacote.
Vigaristas em Hollywood não tem pretensão de ser extraordinário ou reflexivo, mas é uma comédia divertida sobre a vida no maior polo do cinema mundial.