“Es se?” Talvez seja essa a pergunta mais perturbadora, sobretudo quando pensamos em nossa história e nossas escolhas. E se eu fizesse diferente? E se eu tivesse ficado? E se eu não tivesse desistido? Esses questionamentos são premissas do longa Vidas Passadas, que chega ao Brasil em 2024. Escrito e dirigido por Celine Song, Vidas Passadas é um drama que conta a história de Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), dois amigos de infância com uma conexão profunda, mas que acabam se separando quando a família de Nora decide sair da Coréia do Sul e se mudar para a cidade de Toronto, no Canadá. Vinte e quatro anos depois, os dois amigos se reencontram em Nova York e vivenciam uma semana fatídica enquanto confrontam as noções de destino, amor e as escolhas que compõem uma vida.
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Vidas Passadas foge dos clichês românticos, ainda que seja um filme sobre o amor. No longa, o debate sobre amor e destino são levados a um nível filosófico, onde, junto com a protagonista, vivenciamos o dilema sobre o que existe e o que poderia existir.
O tom realista e muitas vezes duro, faz do filme uma película intimista e primorosa artisticamente, onde a todo momento, nos vemos na protagonista, ainda que a mesma tenha uma vida e vivencias que em nada se assemelham com as nossas. O ponto comum é a dúvida, sobretudo a respeito do que poderia ter sido. Boa parte da trama de Vidas Passadas surge a partir de um conceito oriental chamado In-Yun, que significaria destino. De acordo com ele, quando duas pessoas se cruzam, existem milhares de camadas de In-Yun que os unem de outras vidas. Com isso, para além do que já foi comentado, o longa traz outro questionamento: todo amor deve ser vivido? Tanto no longa quanto na vida, essas e outras perguntas permanecem sem respostas.
De uma forma geral, Vidas Passadas é um filme belíssimo e agridoce, onde vemos o desenrolar de uma vida com suas respectivas escolhas e como isso impacta naqueles que te amam. Seja naquilo que poderia existir ou na perda de algo que já existe. A direção da Celine Song é intimista e primorosa, e de forma curiosa, ela retrata no filme uma experiência pessoal, o que traz mais ainda o senso de realidade para a obra. O elenco, por sua vez, é um show à parte. As atuações são potentes e avassaladoras, sobretudo quando muita coisa é dita sem que palavras sejam pronunciadas. O mesmo pode ser dito da fotografia e da sonoplastia que contribuem e muito para a imersão na história. Por fim, depois de tantos elogios, é um pouco óbvio que o filme me agradou demais e que, ainda que esse não seja o seu tipo de história, vale a pena conferir.