Um Lugar Silencioso | O silêncio nunca foi tão aterrorizante

Danilo de Oliveira
4 Min de Leitura

Nos últimos anos o gênero do terror vem trazendo ótimas novidades como Corra! e A Bruxa e mostra que ainda existe bons diretores e ideias para esse gênero que sofreu demais com a escassez de ideias em Hollywood.

Inovador e extremamente assustador, Um Lugar Silencioso é um exemplo de como atingir a excelência dentro de um gênero, sem criar fórmulas mirabolantes.

Em uma Terra pós-apocalíptica desolada, estranhas criaturas muito sensíveis ao som e extremamente violentas surgiram e acabaram dizimando boa parte da humanidade. O centro da trama engloba a vida de Evelyn (Emily Blunt) e Lee (John Krasinski que também dirige o filme) e seus três filhos tentando sobreviver em uma fazenda em constante silêncio.

Dizer um pouco mais para estabelecer melhor a sinopse, seria um grande atentado contra a obra que guarda diversos segredos interessantes que visam colocar os personagens simplesmente no extremo. A maioria do diálogo é entregue por meio da linguagem de sinais e todo o silêncio mórbido que ronda o lugar acaba favorecendo e muito a encenação do longa repleta de cautelas e movimentos lentos para fazer a menor quantidade de barulho possível.

Outro benefício da simplicidade do longa é evidenciado no como é  ágil,o roteiro em apresentar e lhe jogar direto na proposta, com isso filme não só evita criar contextos desnecessários, mas se preocupa em espalhar informações que complementam a história pela tela. São recortes de jornais cujas manchetes falam o que é necessário (sem nunca deixar claro se isso tem alguma relação direta com o que está acontecendo, apenas sugerindo), ou na casa da família, onde um quadro nos avisa o que precisamos saber sobre as criaturas.

Mas o grande ás do filme está em sua parte sonora, ou na sua imersão ao silêncio. Num mundo onde não é possível emitir qualquer tipo de ruído, o som torna-se um privilégio perdido, onde qualquer barulho, por mais simples que seja, tem impactos imensos o tempo inteiro. Quando tomamos o susto inesperado (mas não óbvio) no início, o clichê sugere que depois do abalo o perigo já passou. Mas aqui temos justamente o efeito contrário, pois é o ruído que anuncia o surgimento do perigo, criando assim um clima forte de tensão, afinal as criaturas são atraídas pelo som. Com isso, o silêncio se faz  ainda mais aterrorizante que o grito.

O elenco do filme também uma peça fundamental para a experiência funcionar, e Emilly Blunt com certeza é um dos destaques. Usando a maior parte do tempo somente expressões faciais a atriz dá um show a parte.

Krasinski também se sai muito bem como um pai de família que carrega através do silêncio seus demônios internos e angustias.Porém quem surpreende aqui é a atriz novata Millicent Simmonds que é surda na vida real. É incrível como Simmonds dar total sintonia e dramaticidade a sua personagem com nenhum dialogo. Magistral!

Um Lugar Silencioso mostra como é possível realizar um eficiente e tenso filme sem precisar reinventar a roda. Um filme que exige uma experiência de envolvimento com o público para que o medo possa ser tão sentido quanto visto.Com certeza você se pegará tenso e silencioso como os personagens no filme.

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