‘Tsumitsuki’ revive a lenda de espíritos que se alimentam da culpa humana

João Fagundes
4 Min de Leitura

Você já viu um Tsumitsuki? Provavelmente não, pois do contrário nem estaria aqui. Com essa ideia de lenda urbana, o mangá de Hiro Kiyohara, lançado em 2009 (aqui no Brasil chegou em 2014 pela JBC) deu um salto com a demanda do gênero suspense, ainda mais por ser do mesmo ilustrador do mangá “Another“, franquia mais conhecida por seu anime do mesmo gênero beirando o terror. Com direito a páginas coloridas e arte interna na contra capa, a edição é um volume único (one shot) bem misterioso em seu conteúdo. Tanto que a capa fala por si só.

O ambiente colegial é um atrativo para desastres, ainda mais quando o bullying serve para dar o estopim que esses jovens precisam. Cada capítulo (são 5 se contarmos o zero) tem como título o nome de algum estudante ginasial envolvido na trama. Na história temos como um dos destaques o jovem Kuroe, que possui muita sabedoria sobre um santuário que reza a lenda tem retirado os “pecados” ou espíritos da culpa (Tsumitsukis) das pessoas que visitam seus sacerdotes. Entretanto, na cidade tem ocorrido o desaparecimento de alguns estudantes e a suspeita de morte sempre chega a ser cogitada.

Com referências a filmes como “O Chamado” (“Ring” na versão japonesa) teremos uma grande pista logo de início: O remorso é o que alimenta esses demônios, e  se tornam um parasita ao consumirem o hospedeiro até o estágio de perda da consciência, o que precede uma morte bastante dolorosa. A princípio descobrimos isso com as colegas Chinatsu e Shinohara, já que a aproximação pode ser a última coisa que se lembrarão, e a culpa é passada como um vírus. O papel de Kuroe é devorar essas entidades malignas, mas sua motivação não é fazer o bem, ou seja, qual é o seu benefício com essa missão tão difícil?

Dos poucos personagens que estarão presentes da maioria da obra, temos a raposa que acompanha Kuroe (ela não tem nome). De acordo com o autor ela seria mais aproveitada, inclusive junto com os agradecimentos ele adicionou uma das formas que ela tomaria na ideia original. Makoto Asakura com certeza é a personagem que mais surpreende ao ter um desejo fora do comum: ela quer se tornar um tsumitsuki. Encontraremos drama em maior parte, mas poucas cenas de ação para o que se esperava. No último capítulo ou capítulo zero será apresentada uma personagem fundamental para entendermos o que se passou nos demais momentos. Kuzuha é uma exorcista talentosa, mas vive uma vida amaldiçoada, até que encontra uma criança abandonada e decide criar como se fosse sua.

Como esse é o primeiro mangá totalmente autoral de Hiro Kiyohara, não é seu melhor atualmente. Por ser um volume único, poderia ser melhor aproveitado. Outros mangás como “Só Você Pode Ouvir” (Kiminishika Kikoenai) e “Feridas” (Kizu) tiveram sua participação e fizeram mais leitores conhecerem seu talento. Seus traços são motivo para elogio em qualquer uma das edições, mas essa possui muito mais detalhes para causar um certo pavor para quem está lendo. Enfim, todo esforço é válido quando a morte é certa. Leia sem culpa!

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Mais um Otaku soteropolitano que faz cosplay no verão. Gamer nostálgico que respira música e que se sente parte do elenco das suas séries favoritas. Aprecia tanto a 7ª arte que faz questão de assistir um filme ruim até o fim. É um desenhista esforçado e um escritor frustrado por ser um leitor tão desnaturado. É graduando no curso de Direito e formado no de Computação Gráfica. “That’s all folks!"
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