Lançado em 1986, Top Gun: Ases Indomáveis não só se tornou a maior bilheteria daquele ano, como se tornou um clássico instantâneo nos anos 80, além de catapultar a carreira de um jovem Tom Cruise.
Agora 36 anos depois, Cruise retorna ao papel que o consagrou em uma sequencia que entrega um blockbuster de qualidade com Top Gun: Maverick, um filme que desde de já é candidato a um dos melhores do ano.
A trama gira em torno de Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise), o herói da aviação americana, que agora trabalha como piloto de testes. Em tempos de drones e aviações controlados por robôs, ele dedica seus dias a provar que o fator humano ainda é fundamental na hora de pilotar um jato. O problema é que ele se envolve em uma confusão com um superior dada sua displicência e acaba sendo mandado para ensinar tudo o que sabe para os pilotos da Top Gun conseguirem resolver uma missão tática praticamente impossível em território de um dos inimigos dos EUA.
Seguindo essa nova linha Hollywoodiana em trazer de volta clássicos que marcaram sua época, aqui, o ator juntamente com o diretor Joseph Kosinski sabe utilizar bem o equilíbrio da nostalgia com a sua história sem ser sua muleta, contrastando bem o passado e o atual e sem muito das convenções padrões do que é feito com as produções desse segmento. A história é cíclica e se mantem em torno de Maverick, seus traumas e suas escolhas e decisões. Essa dualidade entre o antigo e o atual está presente em todo o enredo de Top Gun: Maverick, não de uma forma forçada e sem sentido, mas sim como algo necessário para aprofundar o drama pessoal de Maverick. Pra quem achava que não era possível uma nova história sobre Top Gun, os roteiristas Ehren Kruger, Eric Warren Singer e Christopher McQuarrie fazem um trabalho primoroso, e exploraram uma fagulha de justificativa, para desenvolver uma trama simples, que serve de plano de fundo para vermos cenas capazes de arrancar lágrimas de nossos olhos.
Alias, é o conjunto da obra que faz Top Gun: Maverick ser uma joia extremamente bem lapidada no meio de esquecíveis objetos de segunda mão. Diferente do filme de Tony Scott, a sequência consegue entregar uma maior complexidade no desenvolvimento de seus personagens, com destaque para a relação entre Maverick e Rooster, ao mesmo tempo que traz equilíbrio com as intensas e ambiciosas sequências de ação, que são excelentemente executadas.
Ver Maverick em ação não há como não fazer um paralelo com seu interprete. Tom Cruise aos 59 anos continua a se provar em uma Hollywood cheia de novos rostos e CGi do mesmo jeito que Pete sempre tentar ir além dos limites como piloto em uma aviação mais e mais repletas de drones. Cruise está a vontade no papel e por parecer uma extensão dele mesmo, faz tudo parecer natural de uma forma perfeita. Miles Teller como Bradley Bradshaw, o filho de seu falecido melhor amigo Goose, é outro que se encaixa perfeitamente no papel e sua dinâmica com Maverick é um dos maiores destaques da produção. Ainda que isso é um dos maiores pontos do elenco, o restante dele não faz feio e cumpre bem suas funções contendo nomes como John Hamm, Ed Harris, Jennifer Connely e até os novatos como Monica Barbaro. Há uma participação de Val Kilmer, no papel do Iceman, que emociona, visto também os problemas de saúde do ator na vida real, a produção fez um trabalho honroso nesse sentido.
Como era de se esperar de um filme sobre aeronaves, outro grande destaque de Top Gun: Maverick é, sem dúvidas, as cenas de ação que impressionam pelo realismo nas tomadas aéreas e acrobacias.
Cruise e Kosinski elevam as estruturas e entregam sequencias reais (a produção contou com aeronaves reais fornecidas pela Marinha dos Estados Unidos, além de uma construída especialmente para o filme) que trazem uma sensação de adrenalina e urgência em um grau absurdo, colocando todos nós de certa forma nas cabines ao lado dos pilotos e sentindo as mesmas emoções que eles ao longo do filme. Se possível, veja na maior tela possível, não irá se arrepender!
Alie isso a uma fotografia bem apurada de Claudio Miranda e uma mixagem de som de primeira, e Top Gun: Maverick é um deleite audiovisual! A trilha sonora de Harold Faltermeyer juntamente com Hans Zimmer é sublime em combinar o espetáculo aéreo e a nostalgia, adicione a canção de Lady Gaga e sua “Hold My Hand” que assim como Berlim e sua “Take My Breath Way” do anterior embala perfeitamente a trama aqui e já se coloca como forte candidatada assim como em 86 a ser coroada com o careca dourado.
Sim, Top Gun: Maverick é uma das melhores experiências cinematográficas de 2022. Unindo uma simples mas eficiente história que consegue captar os fãs do original como os entusiastas de um bom filme de ação, o longa é uma das raras exceções que a sequencia supera o original. Tom Cruise mostra assim como Maverick porque é um dos maiorais de Hollywood!