Hollywood e os videogames não tem uma boa relação. Entre tantas obras transportadas, poucas com certeza tiveram exito em transmitir aquilos que os jogadores tanto admiraram nos consoles.
Assassin’s Creed,Resident Evil entre tantas outras grandes franquias de games sofreram bastante por terem mudado grande parte do enredo e trocarem personagens pra transformá-los em algo mais plausível para a audiência.
O reboot de Tomb Raider é a nova chance de conciliação. Embora baseado na restruturação que a franquia sofreu em 2013 com o elogiado game homônimo, o filme adapta fielmente sua fonte em conceitos visuais, mas se atrapalha em um roteiro pouco inspirado e repleto de clichês.
A trama apoia-se no reboot da franquia nos videogames para contar a origem de Lara Croft (Alicia Vikander). A jovem precisa decidir se irá aceitar a morte do pai, Richard Croft (Dominic West ), quando descobre indícios de uma pesquisa na qual ele havia trabalhado. Na esperança de encontrá-lo ainda vivo, Lara decide partir numa aventura que a fará lidar com uma antiga maldição.
A evolução da personagem, de garota perdida à grande heroína de ação, um dos elementos mais interessantes do game de 2013, é deixada de lado. No jogo, ela se torna badass após estar numa situação desesperadora numa ilha amaldiçoada e tomada por vilões. A história aqui mescla elementos dos dois últimos jogos e entrega uma jornada de origem da heroína. Ainda que exista algum risco e emoção na aventura como um todo, há pouco com que se importar com Lara.Não existe uma evolução ao longo da narrativa.
Alicia Vikander consegue entregar um bom trabalho com o que tem em mãos: falas rasas e alguns dilemas bem irrelevantes. Lara é super rica, mas não causa aversão ao espectador principalmente por causa do carisma da atriz, que desempenha bom papel na ação e nas cenas mais dramáticas.E, sobre a comparação entre Angelina Jolie ou Alicia Vikander, aí é uma questão de gosto. Alicia é mais crua e real. Jolie é mais idealizada. As duas são grandes atrizes, mas a da Alicia se destaca por trazer a fragilidade e humanização que tanto fez bem para a personagem nos últimos anos, mas é gosto do fregues.
Daniel Wu faz o amigo chinês Lu Ren, que é bem carismático, e auxilia Lara em sua jornada. Ele tem bons momentos no filme e sua química com Vikander é muito boa – sem cair no clichê de romance, graças aos céus!
Porém…
Walton Goggins faz o vilão Mathias Vogel. Afetado que só. Só sabe arregalar os olhos e fazer cara de dor de barriga quando está nervoso. Ele tenta ter alguns momentos de redenção, mas a direção do filme parece não saber o que fazer com ele. Ficou caricato demais, mesmo para uma produção baseada em videogame e principalmente na franquia, que tem uma marca registrada com esse tipo de vilania.
Como disse acima, o principal ponto negativo da adaptação está em seu roteiro,que leva a trama adiante com uma série de coincidências desastrosas e preguiçosas, além de possuir os piores clichês nas falas de seus personagens principais. “Você mexeu com a família errada”, “Eu não sou esse tipo de Croft” e tantas outras.É como pegar Indiana Jones e a Última Cruzada mas sem o mesmo capricho.Sua forma de contar a história também é previsível, algo que se torna incômodo no terceiro ato, quando é possível adivinhar o que irá acontecer na cena seguinte à partir da forma como os personagens agem (e aqui também é possível notar uma certa preguiça no roteiro em trabalhar melhor os acontecimentos).
Contudo o diretor Roar Uthaug até conduz de forma regular o filme,com boas cenas de ação(algumas extraídos diretamente do videogame) e em um suspense ora bem resolvido, ora remetente a todos os velhos clichês do passado.
Tomb Raider: A Origem é um filme que entrega uma diversão descompromissada que consegue não ofender o espectador, mas é raso e pouco memorável para o que a personagem tanto representa para os games e a cultura pop.Ainda não desta vez que Hollywood entrou em cônjuge com os games por definitivo.
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