Baseado na obra literária de David Levithan e dirigido por Michael Sucsy, Todo Dia traz em seu DNA a velha formula dos contos românticos teen, mas com uma premissa interessante e com um olhar bem atual: O que amamos em alguém?
A trama nos conta a história de “A”, uma alma que todo dia habita um corpo diferente, independente do gênero, raça e etnia. Sempre da mesma idade que “A” e nunca o mesmo corpo duas vezes. Mas como isso possível?
Ela/ele não sabe como ou o porquê isso acontece, só resolveu aceitar e criou uma regra para não interferir muito na vida do seu hospedeiro. Essa regra é quebrada quando “A” acorda no corpo de Justin e conhece a namorada dele, Rhiannon. “A” percebe uma conexão que nunca tinha sentido antes e decide ter um dia especial sendo o namorado dela. Isso só faz com que ele/ela perceba que está completamente apaixonado(a) e que faria de tudo para ter mais dias com ela.
A ideia de se apaixonar e criar laços por uma alma e não por um corpo – independente inclusive de gênero sexual – é curiosa e gera certo atrativo. Só que a execução é boba, derivada,superficial e resguardada demais.
A começar pelo ritmo do filme que é bastante repetitivo, com diálogos bem estilo romantismo água com açúcar e frases de auto-ajuda. Se o filme realmente tivesse potencial dava pra explorar melhor sobre os nossos preconceitos e preconcepções sobre beleza em geral, sendo muito mais provocativo e relevante por consequência, mas ele sempre fica na zona de conforto.
Uma boa virtude do filme é o fato de você não questionar que vários atores interpretam o mesmo personagem/essência,já queo o roteiro, o diretor e o elenco desempenham um bom trabalho em fazer nós compramos a ideia perfeitamente.
O campo de atuações tem bons destaques. No “A” temos dois: Owen Teague e Jacob Batalon(o Ned de Homem-Aranha: De Volta ao Lar), já a Angourie Rice também está bem trazendo as duvidas e dilemas da sua personagem.
Apesar do conceito meio previsível, Todo Dia consegue de certa forma romper um pouco o lado conservador das produções românticas teen,apontando para uma discreta ruptura com os códigos sexuais, de gênero e de identidade de modo geral. No mais a adaptação tem uma premissa interessante executada de maneira complacente e superficial.