Ao mesmo tempo que a Netflix da um show em questão da sua Social Mídia, ela também consegue ser bem misteriosa em questão a sua propaganda de lançamentos de algumas séries em sua plataforma. Stranger Things, La Casa de Papel e até a recente Sex Education são um exemplo disso. Foram séries que foram lançadas na plataforma, sem muito alarme, mas foram um imenso sucesso. Porém, ao mesmo tempo, apesar de todo o marketing feito para Titãs, a série em si não foi um grande sucesso como o esperado.
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Se é alguma simpatia ou apenas mera coincidência, não sei dizer. Mas algo em minha intuição que o próximo lançamento da Netflix, The Umbrella Academy, pode ser o mesmo fim que Stranger, La casa e tantos outros tiveram: uma série sem muito alarme, mas que pode estourar pro público.
A série é baseada dos HQ de Gerald Way, vocalista do My chemical Romance e Gabriel Bá, que conta que em um inexplicável evento, quarenta e três crianças foram geradas espontaneamente por mulheres que não apresentavam sinais de gravidez. Sete dessas crianças foram adotadas por Sir Reginald Hargreeves e formaram a Umbrella Academy, uma família disfuncional de super-heróis com poderes bizarros.
Cada uma das crianças é titulada com um número, porém com o passar do tempo, eles ganham nomes próprios. Luther, tem super força e é uma espécie de líder dos irmãos; Diego tem habilidades com faca e pode respirar dentro d’água; Alisson transforma mitos em verdade com o poder da sua palavra; Klaus se comunica com os mortos; Número 5 transita entre passado, presente e futuro; e Ben, o irmão que morreu ainda criança, tinha monstros de outras dimensões dentro de si. Já Vanya, não demonstra ter poder nenhum, e por isso acaba sendo sempre isolada das missões dos irmãos.
O grande trunfo da série é focar na dinâmica familiar deste grupo de super-heróis peculiares. O piloto funciona muito bem em revelar a origem de destes irmãos e apresentar cada personagem com suas falhas e personalidades muito bem definidas, ao mesmo tempo que introduz o tom excêntrico da série.
A trama possui quatro histórias que estão sendo narradas ao longo dos seus dez episódios. Uma principal, que é a que faz com que o público queira entender o que houve, e que é tratada num estilo How to Get Away with Murder. Duas secundárias, que dão fôlego a história principal. E a terceira, que apesar de parecer apenas uma história que está ali… Só pra preencher linguiça, na verdade tem extrema importância para o final da temporada.
Em sua estrutura de maneira geral, a série lembra um pouco o formato de A Maldição da Residência Hill ao brincar com o passado e presente da família Hargreeves, mostrando como alguns de seus personagens chegaram aos traumas e medos que possuem adultos.
Apesar de terem super-poderes, a série se preocupa em sempre nos lembrar que todos eles são seres humanos com falhas e fraquezas, marcados por uma infância traumática, com cada sendo afetado de formas diferentes por sua posição dentro da família, e pelas consequências de seus poderes.
De seus personagens, o que mais se destacam e roubam a cena são o Número 5 (Aidan Gallagher) e Klaus (Robbie Sheehan). Gallagher realmente dá um show de atuação ao fazer um senhor de 60 anos, mas preso no corpo de uma criança de 10 anos. O que faz com que diversos momentos se tornem cômicos por ele fazer hábitos de adultos (como pedir café puro numa lanchonete) sendo aos olhos de todos é apenas um garoto. Já Sheehan consegue envolver o público com sua atuação de um jovem viciado e irreverente, que enfrenta seu estranho poder de ver os mortos.
Além disso, o elenco conta com a conhecida atriz Ellen Paige, que trás em sua personagem, Vanya, uma atuação sensível e tocante de uma jovem violinista que sofreu as sombras do holofote da fama de sua família, mas que possui um desenvolvimento incrível nos últimos episódios.
O aspecto técnico da série é um espetáculo a parte. Os efeitos especiais são de cair o queixo, deixando alguns filmes atuais com inveja. O personagem Pogo parece tão real quanto qualquer ator/atriz presente na cena.
Outro aspecto que vale a pena destacar é a trilha sonora. No primeiro episódio, temos uma cena em que cada irmão dança sozinho em diferentes quartos da casa ao som de “I think we’re alone now“, que lembra muito a cena de “What’s Up” em Sense8.
Com uma trilha sonora extremamente peculiar e perfeita para seu enredo, The Umbrella Academy mostrar os dramas familiares de uma família de super heróis que surgiu de maneira não convencional e que cresce e desenvolve de uma maneira não convencional. Apesar de não estar tendo um grande jogo de marketing para sua estréia, a série é uma boa aposta para quem busca algo novo quando se trata de heróis, mas que são acima de tudo ainda humanos.