Baseada na controversa HQ criada por Garth Ennis, um dos maiores nomes no quesito HQs adultas do meio quadrinesco,a nova série da Amazon Prime, surge trazendo um que de Liga da Justiça com Watchmen de uma forma irônica e deturbada pra nos trazer uma realidade em que os super heróis, não são tão heroicos como vemos e admiramos e fazer um paralelo com as celebridades de nossos tempos e a industria.
Trazida em 2006 pela DC Comics que apos seis edições cancelou a publicação devido a como a Ennis mostrava a representação de seus preciosos personagens na HQ, a publicação acabou sendo concluída graças a Dynamite Entertainment que seguiu em frente. A trama de The Boys se passa em um mundo onde as pessoas tem poderes e Os Setes, são o maior grupo deles. Nosso protagonista Hughie, é uma pessoa normal que vivia com sua namorada, que acaba sendo morta por um dos integrantes de forma inconsequente. Abalado com a tragédia sua vida se cruza com Billy Burtch, um integrante de um ex-grupo militar que surge para mostrar que Os Setes, não são aquilo que aparentam ser.
Constituído com 8 episódios de mais ou menos 1 hora cada, a primeira temporada da série, ainda que amenize bastante o teor de seu material fonte, traz um roteiro maduro que pega o tema de super herói que tanto está em evidência e sabe trabalhar de forma madura, com bastante violência gráfica, nudez explicita, gore e palavrão, mas não é só isso que a faz madura e sim na forma como ela é conduzida. Temas como religião, vícios, assédios, militarização dos heróis e o mundo das celebridades e suas fachadas. São temas que são trabalhados de forma corajosa, mas que também de uma maneira satírica, um humor acido bem encaixado que conquista a audiência.
E é muito interessante ver os super heróis serem tratados por um outro prisma, sendo mais como influenciadores (olha o dedo critico) que tem a mídia toda em cima deles, pra fazer esse show midiático que eles vendem a imagem dele, tem o universo cinematográfico deles, fazendo referencias constantes aos universos dos heróis que atualmente temos, mas também é interessante ver que eles não tem a menor ideia do que eles estão fazendo e eles fazem muita coisa errada, e eles não tem a dimensão da responsabilidade que eles tem, e acabam no processo sendo pessoas extremamente falhas e muitas vezes escrotas e repulsivas que acabam tornando vilões em questão na série.
Esse frescor, essa novidade é que faz The Boys uma série tão interessante, ainda que nem todos os seus personagens sendo igualmente desenvolvidos como o Profundo que acaba sendo uma piada constante (A velha gozação que se tinha do Aquaman) e o Dark Noir que quase não aparece nela. O foco aqui está no Homem Pátria, que o Antony Starr manda muito bem sendo uma mescla de benevolência assumida aos holofote e um ego que pode perder o controle a qualquer momento, fazendo ser um escroto de fazer coisas repulsivas(existem figuras da nossa atualidade que tem essa mesma faceta). O Trem Bala também tem um bom destaque que traz uma boa abordagem porque ele é negro, e em um momento da temporada ele é colocado de lado o que vem o foco do racismo, só que como o personagem é construído por mais que você ganhe empatia com ele nesses momentos, volta e meia ele volta a ser o escroto e sem se importar com as pessoas e somente no seu ego.A Rainha Maeve da Dominique McElligott começa meio sem rumo, mas a frente vemos que ela é mais vitima que escrota diante das coisas que o grupo faz e acaba se tornando mais próxima da Estelar, a nova integrante que sonha em entrar pro grupo mas depois ver que não é bem o que ela imaginava.
Mas a série se chama The Boys e eles também são o foco, já que a intenção deles é derrubar Os Sete. O grupo é bem diferente entre si e cada um tem seu papel operante nele, destaque claro para o Karl Urban vivendo o Billy, um cara que está de saco cheio da vida e com os heróis, sendo quase um extremista com eles e o ator sabe colocar isso muito bem nele e essa atitude bruta, contrasta com a do Hughie do Jack Quaid, que é um rapaz de bom coração que acaba envolvido em meio a tudo isso. Ele acaba criando um vinculo amistoso com a Estelar da Erin Moriarty, tendo uma química muito boa entre eles e diálogos que revelam temas e relevâncias importante na série. A Karen Fukuhara que faz a Fêmea, que não tem uma fala, mas suas expressões e brutalidade fala por si. O Francês e Leitinho também manda bem e são a parte funcional da equipe.
The Boys é uma das melhores séries de 2019 e nem falo pela brutalidade e temas interessantes e subversivos.Ela tem um nível de produção muito bom, o ritmo dos episódios é ágil mesmo com 1 hora de duração, e traz um frescor de novidade ao nicho tão explorado como as adaptações de super heróis. E pra nossa alegria já foi renovado pela Amazon Prime!