SWORDGAI | Animação da Netflix se enche de personagens e bagunça sua história

Priscila Dórea
5 Min de Leitura

A Netflix tem se empolgado em produzir e lançar os próprios animes. Tendo acertado com alguns e com outros nem tanto, SWORDGAI: The Animation, fica em algum lugar entre esses dois grupos. A animação não segue o mangá, o que é seu grande erro, pois tem bastante potencial, mas não chega lá.

Na história, espadas de todo o mundo criam um poder próprio a medida que matam mais e mais pessoas com o passar dos anos. Essas espadas atraem pessoas com sede de poder e morte, e as tornam suas hospedeiras. Então temos Gai, que foi cruelmente destinado a ser o hospedeiro de uma dessas espadas, a Shiryu.

A melhor forma de explicar como funciona os poderes demoníacos das espadas seria através da fala de um dos personagens: é uma doença sem cura. A escada (que às vezes na verdade é um machado ou lança) está “adormecida”, até que ela precisa de sangue. Ela então atrai um humano com sede de poder e morte, e o possui. Se esse humano sucumbir totalmente ao poder da espada, acaba se tornando um Busoma e é totalmente controlado pela espada.

Caso seja forte o suficiente para dominar o poder, ele se torna um Crisálide, podendo “ativar” e “desativar” os poderes quando desejar. Os Crisálides inevitavelmente se tornarão Bosumas algum dia, pois a possessão é como uma doença em progresso, então quanto mais eles usam esse poder, mas se contaminam. Para retardar isso, existe a organização Shoshidai que recruta e orienta Crisálides para matar os Busomas, e os coloca em Sono Frio, um congelamento que retarda o efeito da espada enquanto esperam a próxima missão – no estilo Soldado Invernal.

O plot é interessante, mas se fosse mantido igual ao mangá, não iria parecer uma grande sopa de espadas. Muitas espadas e hospedeiros são apresentados. Muitas mesmo. Você quer saber mais sobre eles e o anime não conta, além deles não acrescentarem nada a história no geral. Quando esses novos hospedeiros começam a surgir, chegamos a achar que haverá uma espécie de recrutamento pelos Shoshidai ou pelos Busoma… mas os Busomas são apenas monstros atrás de sangue e os Shoshidai só vão atrás de quem aparece no radar deles (que parece bem ruim). Então o aparecimento desenfreado desses personagens não se justifica além do mundo estar se enchendo de Busomas.

Tanto tempo perdido com personagens que somem da história, acaba interferindo diretamente na história dos protagonistas e antagonistas. A relação de Gai e Ichijou, que deveria ser aprofundada desde o início já que são os principais, é como juntar retalhos: eles parecem ligados, mas você não vê essa ligação acontecer por ter tanta história aleatória no meio. Um outro exemplo seria Noaki e Miki, mas ainda que haja problemas, ela teve mais êxito em ser construída se comparada com a dos outros dois hospedeiros.

Um ponto alto dos 12 episódios é o design diferente usado para contar a história das espadas. É uma arte rústica diferente de todo o resto do anime e deixou as cenas muito bonitas, principalmente a da Shiryu, espada do Gai. Outro efeito muito bom está nos Bosumas, que cobrem seu corpo humano inteiro com uma armadura que reflete o poder da espada. O problema é que eles gastaram tanto com esses efeitos espetaculares, que o pouco que usaram nas outras cenas, as tornou graficamente inferiores.

SWORDGAI: The Animation não é um anime ruim e até vale as horas gastas. Ele tem uma história muito boa, porém um pouco bagunçada, com personagens que são escalados para ter um grande elenco que não é usado. Quem sabe na segunda temporada, não é?

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Jornalista e potterhead para toda eternidade, tem um amor nada secreto por mangás e picos de felicidade com livros em terceira pessoa. Além de colaboradora no Cinesia Geek, é repórter do Grupo A Tarde e coapresentadora do programa REC A Tarde.
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