Sombria e violenta, Titãs explora o potencial da DC fora dos cinemas

Marcela França
7 Min de Leitura

Eu nunca escondi nas minhas críticas, aqui no site, o meu medo de um adaptação ou um remake de qualquer tipo. E é claro que a série sobre os Jovens Titãs não foi diferente. Mas após assistir a primeira temporada de Titãs, série que retrata a história dos jovens heróis da DC Comics que marcaram e ainda marcam a infância de tantos ao redor do mundo, fiquei mais tranquila com o que vi.

A trama começa com um mistério no ar: A estranha adolescente Rachel Roth (Ravena, interpretada por Teagan Crofit) está sendo perseguida por alguém, mas que ela não sabe quem. Ela apenas sabe que essa ou essas “pessoas” à querem a todo custo, e que, de alguma maneira, isso está envolvido com algo maligno que tem dentro dela. Desesperada, a jovem foge e acaba em Detroit, onde encontra o jovem solitário detetive Dick Grayson (Brenton Thwaites), que na verdade é o ex ajudante mascarado do Batman, o Robin.

No decorrer da trama, eles encontram Kory Anders (Estelar), uma jovem mulher que não se lembra quem é ou de onde veio, mas apenas sabe que precisa de Rachel para encontrar assim encontrar respostas sobre o seu passado, e Garfield Logan (Mutano), um jovem meio encrenqueiro que consegue se transformar em um tigre verde.

Ao longo dos onze episódios que compõem a série, fica claro que Rachel e Dick são o grande foco dessa temporada (o que deixa a expectativa que a próxima temporada foque em Estelar e Mutano). De um lado temos a jovem perturbada Rachel que busca entender o seu passado e quem é. Por conta dos seus poderes, ela não consegue se sentir segura perto de ninguém por medo de machucar ou matar. Ao longo da trama, Teagan Crofit consegue entregar uma versão mais sensível da Ravena, onde vemos a evolução da sua personagem à medida que ela descobre quem é.

Do outro lado temos Dick, o ex-parceiro do Batman que tenta lidar com o seu passado. A morte dos pais e a crise de identidade que ele passa, se tornam elementos cruciais no desenvolvimento do seu personagem. Um ponto interessante é que nos momentos em que a série volta no tempo para tratar sobre seu passado como Robin, o Batman consegue não ofuscar o Robin. Isso faz com que o público fique intrigado no que o fez romper total relação com o justiceiro de Gotham e toda a sua antiga vida, influenciando de forma inconsciente sua relação com os demais personagens, principalmente Rachel.

O roteiro se utiliza muito bem desses elementos como combustível para impulsionar a narrativa. Além disso, a série não se limita em mostrar apenas a história de Rachel, seu passado e como isso vai resultar, mas também divide com o público a perspectiva dos quatro jovens mutantes em uma luta interna de quem eles são e como irão controlar seus poderes.

A maior revelação e que foi a princesa dos olhos para mim foi Estelar. Antes de ser lançada, a série foi alvo de duras críticas por conta do visual e supostas mudanças étnicas dos personagens. E um dos principais alvos das críticas foi a escolha de uma atriz negra para viver a Estelar  – mesmo ela sendo uma alienígena laranja originalmente. Mas para calar a boca dos haters que a criticaram, Anna Diop entrega uma heroína de personalidade forte e bem resolvida, com um cabelo cacheado invejoso e que sabe se cuidar muito bem sozinha, além de cativar com sua maneira de lidar com os problemas de forma carismática e adulta.

Já em Mutano, Ryan Potter entrega um jovem herói tão carismático e fofo, que quase faz esquecer o pequeno problema de seu personagem: GCI. Provavelmente por conta do curto orçamento da série, as transformações de Mutano foram afetadas. Na trama, assim como Ravena e Estelar, Mutano também está descobrindo seus poderes e como lidar com eles. Porém ele apenas consegue se transformar em um tigre, e nas cenas em que isso acontece, os efeitos são bem problemáticos.

Os personagens secundários como Rapina (Alan Ritchson) e Columba (Minka Kelly), ganham importância no decorrer da trama. Além deles a Moça-Maravilha (Conor Leslie) também aparece, deixando a esperança que esses personagens tenham mais espaço na próxima temporada.

Titãs mostra uma versão mais sombria e realista dos jovens heróis, além de mostrar suas origens. A série consegue estabelecer uma ótima relação entre eles ao construir ao longo dos seus episódios uma relação de união e parceria. Sem forçar ou acelerar nada. Mesmo com um ritmo lento, a trama responde todas as perguntas e finaliza sua temporada com um final deixando claro que teremos muitos assuntos a serem tratados na próxima temporada. Com boas cenas de lutas, essa primeira empreitada da DC no streaming pode ser o inicio de uma nova jornada a ser adotada pelo estúdio e também é um excelente começo para quem não tinha tanta familiaridade com os Titãs.

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