Vendido como o “Filme mais polêmico do ano” Som da Liberdade (Sound of Freedom no original) se tornou um fenômeno mundial. O filme que chegou a tirar do topo, blockbuster milionários como Missão Impossível 7 e Indiana Jones 5 ganhou uma proporção imensa mais devido as circunstâncias fora da tela do que realmente é a obra.
Narrando a trajetória do ex-agente Tim Ballard (vivido aqui por Jim Cavaziel, de A Paixão de Cristo) ativista e autor americano contra o tráfico humano, fundador e ex-CEO da Operation Underground Railroad (que se envolveu recentemente em uma acusação de má conduta sexual), o filme se pegou em ser um porto seguro para teóricos da conspiração QAnon, além de uma compra online massiva que o coloca semelhante ao que aconteceu aqui com Os Dez Mandamentos e Nada a Perder, de haver ingressos esgotados e salas vazias.
Mas tirando todas essas polêmicas ( que não vou procurar analisar no texto) Som da Liberdade, merece todo esse hype pra o bem ou para mal? Bom, apesar da temática pesada que é o tráfico infantil , o longa abusa de uma estrutura rasa, repleta de conveniência por momentos bregas, além de seguir o velho esteriótipos do herói americano salvador em terras estrangeiras já muito visto no cinema.
O longa adpata a história real de Tim Ballard, um agente especial do governo norte-americano, responsável por prender pedófilos há mais de uma década, salvando as vidas de incontáveis crianças, mesmo sem nunca ter levado nenhuma delas de volta para os seus lares.
Confrontado com essa realidade, Ballard, vê a possibilidade de mudar o foco do seu trabalho e, logo em sua primeira missão, é bem-sucedido e acaba recuperando o pequeno Miguel (Lucás Ávila, “Enfermeras”), devolvendo-o ao seu pai, Roberto (José Zúñiga, “Crepúsculo”).
No entanto, a irmã de Miguel, Rocío (Cristal Aparicio, “Perdida”), que foi sequestrada junto com ele, continua desaparecida, o que leva Ballard, um homem cristão, casado e pai de cinco filhos, a se colocar no lugar de Roberto e passar a dedicar os seus próximos passos ao resgate da garota e outras tantas crianças, vítimas de tráfico sexual internacional.
O longa de Alejandro Monteverde (Little Boy – Além do Impossível) segue bem a estrutura investigativa em seu primeiro terço, mostrando como a rede de tráfico atua, atraindo pessoas pobres e criando um mundo de ilusão para depois sequestrar as crianças, além de mostrar a investigação de Ballad e seu grupo para prender essas pessoas.
O problema é que ao invés de explorar com mais densidade nas questões, como o lado psicológico das crianças resgatadas e como elas serão acompanhadas de marcas de traumas incuráveis, o filme opta a pincelar isso, e dar foco ao protagonista, como o velho salvador americano que sempre vai até o fim para salvar suas crianças e apelar para momentos de sentimentalismo forçado por muitas vezes. Não digo que isso é ruim, mas em um filme que tenta se mostrar sério, isso acaba fazendo seu peso narrativo cair por terra, e muito disso por meio de seus diálogos que soam brega, mas o filme tenta passar um seriedade demasiada. Pra você ter idéia um personagem fala em uma cena de resgaste “Está ouvindo isso? É o som da liberdade” Mais brega que isso, impossível!
Por incrível que pareça, mesmo com esse problema, a parte técnica do filme é boa e faz bem com o pequeno orçamento que possui. A direção de Monteverde é bem concisa e ok, sem fazer firulas, nem sendo algo excepcional. Cavaziel se porta bem dentro do que seu personagem é colocado no roteiro e não compromete e até posso dizer o maior destaque do filme. O problema é nada ao redor do personagem é bem explorado, como sua família e seus outros relacionamentos, tudo é tratado bem superficial.
Pra finalizar, Som da Liberdade é um bom filme investigativo americano como já vimos muitas vezes (principalmente nos anos 80 e 90) que tem um tema importante, necessário mas tratado de forma bem superficial. Um longa que toma mais proporção pela sua polêmica do que por mérito próprio.