Mais uma produção brasileira chega à plataforma da Netflix. Dessa vez, o serviço de streaming, em parceria com o Kondzilla, uniu duas paixões dos brasileiros: série e funk. Seguindo uma tendência dos últimos lançamentos nacionais do streaming, como Coisa Mais Linda e O Escolhido, Sintonia mostra mais da cultura brasileira, principalmente o universo que cerca os jovens das periferias de São Paulo.
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Narrada do ponto de vista de três personagens, a história de Sintonia explora os universos da música, crime e religião na capital paulista. Doni (Jottapê), Nando (Christian Malheiros) e Rita (Bruna Mascarenhas) cresceram juntos na mesma favela, onde foram influenciados pelo fascínio do funk, tráfico das drogas e a igreja. Cada um deles transforma suas experiências de infância em caminhos muito divergentes.
A série é bem produzida, tem uma interessante história que tem potencial de sobra para ser explorado em futuras temporadas. Mas o grande mérito de Sintonia é entregar uma visão desse universo, que já foi mostrada várias vezes em filmes e série, por uma perspectiva diferente. A série tem a proposta de contar a história de dentro, mostrando as diversas narrativas presentes nas comunidades, que normalmente são estereotipadas como marginais sem nem mesmo sabermos suas verdadeiras histórias.
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A série não tem medo de mergulhar nos diversos universos existentes na favela, mostrando os crimes, o abuso do poder policial, as drogas e o poder da Igreja dentro da comunidade. Há sempre uma dualidade. Todos os personagem tem suas ambições e motivos para estarem ali.
Além disso, é perceptível que houve um trabalho de pesquisa extenso para trazer mais naturalidade nos diálogos dos personagens. As gírias e maneirismos não soam como elementos forçados e agrega mais camadas aos personagens e a trama.
Mas nem tudo são flores. A série demora para pegar ritmo. Algumas coisas se desenrolam muito rápido, não recebendo o devido destaque. Enquanto outras se prologam mais que o necessário, criam barrigas na história. O piloto é bem corrido e bagunçado. São muitas tramas para apresentar num episódio que é o mais curto da temporada.
Outro defeito são as atuações. Muitos dos atores não são conhecidos ainda pelo público ou estão no seu primeiro trabalho, mas não conseguem passar o clima dramático que o personagem ou a cena exige. A atriz Bruna Mascarenhas, nos primeiros episódios soou forçada, tentando imprimir um sotaque de uma jovem paulistana com cara de encantamento para tudo. Já o cantor MC Jottapê parecia desconfortável em vários momentos, embora entregue uma das cenas mais lindas com o seu pai no penúltimo episódio.
Por fim, espero que Sintonia faça sucesso pois tem uma trama interessante e que tem potencial para mostrar um outro lado do Brasil não muito conhecido, principalmente em outros países. Tanto por se tratar de assuntos mais pesados do nosso cotidiano, como trazer uma história bem brasileira, fugindo das narrativas norte-americanas que estamos acostumados a assistir.
Todos os episódios de Sintonia estão disponíveis na Netflix.