A nova animação que conta as aventuras da princesa guerreira She-Ra já estreou no catálogo na Netflix, trazendo uma história de amizade, resistência e empoderamento. Com traços mais modernos, que remetem aos estilos de outras animações de sucesso, como Steven Universo, She-Ra e as Princesas do Poder é desenvolvida pela cartunista Noelle Steverson, conhecida pela criação de Nimona, webcomic de fantasia, e produzida pela DreamWorks Animation Televison, em parceria com a Netflix.
Adora é uma jovem treinada pela Horda para lutar contra a rebelião que põe em risco a ordem de Ethéria, liderada por princesas descritas como mulheres que usam seus poderes de forma descontrolada e má.
Diferente da animação original, nesta, Adora sente-se atraída e instigada à voltar para a floresta no território controlado pelas princesas, e acaba descobrindo uma estranha ligação com uma espada deixada no local. A espada desperta nela um poder antigo, que a faz assumir um forma de guerreira, levando à uma série de acontecimentos que revela o verdadeiro risco à ordem e à preservação de Ethéria.
Assumindo a identidade de She-Ra, nossa guerreira decide lutar ao lado de Cintilante, do Arqueiro e das princesas contra a maligna Horda, tendo que deixar boa parte de sua vida para trás, abrindo mão de suas ambições e de vínculos e amizades de infância, principalmente sua fiel companheira Felina.
Em alguns episódios a série acaba centrando sua história apenas no processo de busca de aliadas para a Rebelião, deixando de explorar aspectos importantes da sua própria mitologia, como o surgimento do planeta, a origem dos Primeiros (povo que colonizou Ethéria) e suas incríveis tecnologias, sendo abordados de forma pontual.
Mais adiante, o desenho apresenta uma resolução do seu último conflito de forma muito rápida, perdendo a oportunidade de aproveitar um desfecho mais doloroso e dramático, talvez pelo medo de ousar em sacrificar algumas de suas personagens ou relações, o que daria um background muito rico para o desenvolvimento de novos conflitos e ligações emocionais.
Além de uma jornada de luta, aprendizado e autodescoberta, a série traz seu elenco repaginado de forma plural, temos agora um Arqueiro negro, princesas com traços orientais, indianos, e corpos que fogem de um padrão magro e hipersexualizado. Cada corpo e cada identidade é respeitado em sua diferença, naquilo que os fazem únicos e especiais.
Uma transformação interessante, que vale a pena ressaltar, é a mudança de nome, de She-Ra: A princesa do Poder (1985-1986) para She-Ra e as Princesas do Poder. A alteração acaba indicando um dos aspectos mais interessantes do desenho, o foco em um processo de empoderamento através da união e do respeito às diferenças, com uma narrativa centralizada não na história de apenas uma personagem, mas nas relações de amizade e vínculos que são capazes de criar ao longo de suas trajetórias, dando sentido ao ditado “a união faz a força”.