O ano era 2019 e eu havia acabado de assistir Sex Education enquanto estava sentada na
frente do meu computador pensando como escrever a minha crítica sobre a primeira
temporada. Hoje, quatro anos depois, me encontro na mesma situação, mas com um gostinho um pouco diferente: escrever sobre a quarta e última temporada da série.
Assim como a Marcela de 2019, Otis (Asa Butterfield), Maeve (Emma Mackey), Eric (Ncuti Gatwa), Adam (Connor Swindells), Aimee (Aimee Lou Wood) também mudarem e cresceram. Suas preocupações mudaram, a maneira de se relacionarem mudou, e, como a vida de nós meros mortais que vivemos nesse mundo, eles tiveram que fazer escolhas… De gente grande.
Na primeira temporada eu disse, sem nenhuma culpa que a Netflix trouxe em sua aposta
algo que American Pie não fez: ensinar sobre educação sexual. Porém, ao longo das quatro
temporadas, a série fez mais do que isso. Ela colocou em pauta temas vistos como tabus, que nunca haviam sido explorados antes, mas apresentados de forma leve, divertida e responsável.
Já a nova temporada, começa trabalhando com um ambiente escolar totalmente diferente
do Colegial Moordale. Enquanto em Mordale tínhamos um ambiente opressor e conversador que tentava oprimir a liberdade sexual dos alunos, em Cavendish College temos um modelo escolar liberado por alunos que aceitar a liberdade de todas as diferenças, além de ser é evoluído na abolição de papéis, salas recreativas e tablets para todos os alunos.
É nesse ambiente otimista que Otis acredita ter encontrado o ambiente perfeito para
implementar sua clinica sexual, porém se deparar com a concorrente O. (Thaddea Graham), uma jovem que também presta o serviço de aconselhamento sexual no campus.
Em meio de tantos assuntos vividos por cada personagem, muitos são tirados de suas zonas de confortos e confrontados com novos temas, migrando um pouco das descobertas sexuais e abordando as demais complexas relações humanas. Dentre tantos assuntos, que vão desde relacionamentos abusivos a doenças hereditárias, a maneira que foi tratada a história da sexóloga Jean Milburn (Gillian Anderson), que lida com a depressão pós-parto, me chocou com a maneira sensível que é esse momento na vida de diversas mães e me fez ter mais empatia.
Assim como muitas coisas na nossa vida, Sex Education não termina do jeito que queremos ou esperamos. Eu entendi isso enquanto via a cena da câmera se afastando da casa de Otis e mostrando toda a imensidão ao redor. Cada personagem tem sua história finalizada. Muitos não irão gostar. Afinal, todo mundo deve ficar junto e viver feliz pra sempre, certo?
Mas nem sempre as coisas acontecem assim. Sex Education nos ensina é que é preciso o
dialogo e se expressar para entender os problemas, soluciona-los e assim ter uma vida mais plena, sem barreiras. E todos os personagens buscaram o que era melhor para si.
Enquanto isso, a série conclui o seu propósito chave de maneira certa e educativa: iluminar o caminho dos jovens e adultos sobre a sua sexualidade sem traumas e distúrbios, mas fazendo atenção a abusos e consentimentos.