Cannibal Holocaust pertence ao chamado “ciclo de canibais”, iniciado em meio aos
anos 70 e que se encerrou no começo dos anos 80. Entre as pérolas desta época
apareceram O Último Mundo Canibal (1977), também de Ruggero Deodato, A
Montanha dos Canibais (1978), de Sergio Martino, e Cannibal Ferox (1981), de
Umberto Lenzi. Era fácil fazer produções do gênero porque elas tinham produção
baratíssima e sempre davam lucro, mesmo que fosse para ver seres humanos sendo
comidos por outros seres humanos. Estes filmes eram lançados numa época em que o
canibalismo era um tema frequente na mídia graças ao famoso acidente aéreo nos
Andes, que obrigou alguns sobreviventes a comerem carne humana para se salvar.
Censurado em mais de 50 países, o filme de 1980 se tornou um clássico do cinema de
terror, e choca espectadores até hoje com suas representações gráficas de violência. A
estrutura do filme se baseia nos flashbacks das imagens encontradas pelo antropólogo.
A partir de sua análise, somos levados para dentro do documentário dos quatro jovens
viajantes e o que realmente aconteceu enquanto peregrinavam pela floresta amazônica.
O título do filme já indica que é preciso ter estômago forte para uma hora e meia de
imersão numa série de cenas violentas e desconfortáveis. Mas, por trás de toda a
violência, Cannibal Holocaust traz uma crítica à sociedade supostamente civilizada.
Para o diretor, os crimes do homem contemporâneo são piores que o canibalismo
retratado no filme.
Devido à repercussão negativa do longa, o diretor Ruggero Deodato foi preso em 1981,
acusado de ter provocado a morte de atores durante as gravações e feito de Cannibal
Holocaust um filme snuff — subgênero de filmes que mostram mortes, assassinatos e
suicídios reais. Deodato foi julgado e inocentado após provar aos tribunais que os
atores, supostamente mortos, estavam vivos. O elenco assinara um contrato que os
obrigava a sumir da mídia por um ano, para que as cruéis imagens do filme parecessem
reais para o público. O diretor também teve que explicar as sequências reais de animais
sendo mortos.Deodato ainda voltaria ao tema, encerrando sua trilogia sobre canibais
com Inferno ao Vivo (1985).
Do começo ao fim, Cannibal Holocaust é violentíssimo, e certamente não é um filme
para todos os tipos de público.
Cine Horror Apresenta:
A exibição de “Cannibal Holocaust” integra as atividades do IV Cine Horror, festival
de cinema fantástico com foco na produção brasileira no gênero, que acontece
anualmente no mês de outubro, em Salvador.
Sobre o filme:
Cannibal Holocaust (Itália, 1980)
Direção: Ruggero Deodato
Roteiro: Gianfranco Clerici
Produção: Franco Palaggi
Elenco: Robert Kerman, Carl Gabriel Yorke, Francesca Ciardi, Perry Pirkanen e Luca
Barbareschi.
Duração: 91 minutos
Classificação: 18 anos
Sinopse: O filme conta a história de quatro documentaristas que embrenham-se na selva
para filmar indígenas. Dois meses mais tarde, depois que o grupo não retorna, o famoso
antropólogo Harold Monroe viaja em uma missão de resgate para encontrá-los. Ele
consegue recuperar as latas de filme perdidas, que revelam o destino dos cineastas
desaparecidos.
Serviço:
CINE HORROR apresenta: Cannibal Holocaust – 17 de abril, na Sala Walter da
Silveira (Rua General Labatut, n 27 subsolo da Biblioteca Pública dos Barris – Fone:
3116-8120). Horário: 18:30. Entrada franca.
Realização: Pig Arts e Gore Bahia. Apoio: Fundação Cultural do Estado da Bahia
(FUNCEB), através da sua Diretoria de Audiovisual (DIMAS).