Hoje é dia 8 de março, também conhecido como o Dia Internacional da Mulher. Não sabe muito bem o que fazer em relação à isso? É fácil: é ouvir o que as mulheres têm a falar. Então, caro nerd, eis 6 coisas que suas fellow geeks querem que você saiba neste dia 8 de março para não ficar só no post em homenagem à Mulher Maravilha no Facebook.
1 – Não sou só um interesse romântico
Antes de tudo, é importante dizer: não tem nada de errado com interesses amorosos. Eles podem mostrar o desenvolvimento de um personagem, acrescentar ao enredo ou simplesmente serem, por diversão (todo mundo ama shippar, né?).
A questão é quando uma personagem, normalmente mulher, existe apenas para ser um interesse amoroso para alguém. Se uma personagem não tem nenhum objetivo claro, nem personalidade, nem habilidades importantes… Por que ela faz parte da história? Por que há interesse amoroso por ela?
Imagem meramente ilustrativa… Tal qual a personagem.
Ainda pior quando, além disso, conquistar essa mulher não é só uma questão de amor, mas de ter aquele relacionamento como um prêmio. Sabe a música de Cazuza, “cansado de correr na direção contrária, sem pódio de chegada ou beijo de namorada’”? Especialmente em filmes de herói, o filme não está completo se o herói não conseguir a crush depois de derrotar o vilão. O que, de novo, é tranquilo: contanto que você não possa substituir a mulher por um ouro olímpico e a cena continuar basicamente a mesma.
2 – Podemos gostar das mesmas coisas que você
Com 10 ou 11 anos, eu comecei a ler mangás. Hoje eu sei que não é muito surpreendente, mas na época eu realmente não entendia por que, quando eu comentava sobre Naruto, por exemplo, as reações eram algo como
– Como assim você vê Naruto?
– Diz aí 10 jutsus, então.
– Você só assiste para chamar a atenção dos meninos.
Às vezes parece que é muito estranho para a população masculina que mulheres também podem gostar das coisas que eles gostam. Mulheres assistem filmes de heróis, filmes de ação, animês, séries, leem ficção científica e quadrinhos. Considerando que não existem “coisas de menino” e “coisas de menina”, nada mais natural, né?
Exemplo perfeito da página Seu Darth
Então não duvidem de nós! Ser mulher não quer dizer que não somos tão fãs quanto você, que sabemos menos, ou que fingimos gostar de algo. Não tente testar meu conhecimento. Pense sempre, será que eu perguntaria isso para meu amigO fã?
Da próxima vez que uma mulher comentar que gosta da mesma coisa que você, é só surtar junto com ela. Sem julgamentos.
3 – Somos mais que objetos sexuais
Novamente, existem mulheres de todos os tipos. Algumas se consideram sexy, outras não. Assim sendo, é ok que existam mulheres sensuais em filmes, quadrinhos ou livros.
O problema está na sexualização. E o que é isso? É transformar absolutamente tudo referente a esta mulher em algo sexual. Ela está bebendo água? Acrescente um olhar sedutor. Ela está lutando? Não, não, ela não vai usar os punhos – que tal fazer com que ela pule sobre o homem e o sufoque/quebre seu pescoço com suas coxas? (Imagine o Capitão América lutando assim e você vai entender o quão estranho é). Ela tem que distrair alguém? Faça-a seduzir essa pessoa. Ela usa roupas? Não! Ela usa um collant apertado. SEMPRE.
Nossas atitudes, roupas e personalidade não têm que ser definidos pelo que atrai ou não homens. Não é assim na vida real – não deve ser na ficção.
#stopcollantapertado2017. É tudo que eu peço.
4 – Eu posso fazer o cosplay que eu quiser
Não só mulheres, mas pessoas gordas, negras, muito altas ou muito baixas, etc podem enfrentar muito preconceito ao fazer cosplays. Antes de tudo, é importante dizer que fazer cosplay tem a ver com diversão, não com um concurso de miss.
Ninguém nunca será 100% igual a outra pessoa, especialmente quando estamos falando de animação (exceto aquela menina que é basicamente a versão da vida real da Moana). O que importa mesmo é ver pessoas que estão incorporando o personagem. E para isso não é necessário que a pessoa seja magra, ou branca, ou mesmo do mesmo sexo que o personagem. Só é necessário que a pessoa se sinta bem ao fazer aquilo.
SQUAD GOALS
Então e se uma personagem tem roupas curtas e eu quero usá-las? Tranquilo. E se eu quero aumentar as roupas para me sentir mais confortável? Ok também. E se eu tenho celulite, gordurinhas ou estrias, e a personagem não? Bem, talvez seja por que uma é uma invenção e a outra é uma mulher real. Mas, novamente, É TUDO OK.
Respeitem (e apoiem) que qualquer mulher pode fazer cosplay sem se tornar uma coisa, que todo mundo pode tocar e constranger. Debaixo da fantasia sempre tem uma pessoa, ok?
5 – Não existem “filmes de mulherzinha”
Apesar de já sabermos que não existe coisa de menino e coisa de menina, ainda é assim que dividimos o mundo. Mas não só assim: começamos a dividir o mundo entre as coisas “normais” (normalmente feitas por e para homens) e coisas “diferentes”. É por isso que qualquer protagonista feminina, por exemplo, causa tanta polêmica, como na tentativa de boicote à Star Wars em 2015.
A ideia de que uma obra é ruim porque é feita “para mulheres”, ou, pior ainda, POR MULHERES, é completamente sem respaldo. Em primeiro lugar, por que uma obra que fale de relacionamentos, amor ou sentimentos (como são a maioria das obras “para mulheres”) não é “feminina”, é humana. Sentimentos são a base de qualquer história, é como nos conectamos a ela. Por que, então, os sentimentos de amor entre Bryan e sua filha no filme Busca Implacável são “masculinos”, enquanto os que conectam Liesel e seu pai adotivo Hans, em A Menina Que Roubava Livros, são “femininos”?
Se qualquer um que vive em 2017 já sabe que não existe diferença entre a inteligência de homens e mulheres, por que o escritor Mark Lawrence, em pesquisa com seus fãs, descobriu que 20% deles não comprariam seus livros se ele fosse uma mulher? É importante que homens se abram a conhecer mais obras feitas por mulheres, e perceber que, muitas vezes, a separação só está na nossa cabeça.
6 – Eu existo! Hello?!
GIF da série Brooklyn 99, feito por tall-butt
“Já existem muitas personagens mulheres! Não precisamos de uma terceira!”
As mulheres são uma minoria enorme: no Brasil, somos um pouquinho mais da metade da população. Então dá para perceber que não é normal que, em 2010, nós só fomos protagonistas de 18% dos filmes produzidos aqui. Ou que, em 2016, em Hollywood, 75% dos filmes tinham entre 60% e 100% das falas pertencentes a homens.
Em resumo: somos ignoradas. Mesmo em filmes que revolucionaram em trazer mulheres em papéis importantes, como o primeiro Star Wars, nós contamos com apenas outras 3 mulheres que têm fala (falas essas que não passam de 63 segundos). Tá, e daí?
E daí que, se não somos interesses românticos ou mulheres sexy, a maior parte das obras não olha para nós. Mas, surpresa!: mulheres na vida real são mais que isso. E se o cinema, por exemplo, consegue apresentar homens de diversas características físicas, heróis e vilões, protagonistas e figurantes, pais e filhos, casados ou solteiros, desempregados ou não, feios e bonitos, por que será que não vemos mulheres, que também existem em todos esses aspectos? É essencial que existam personagens femininas de importância, além de uma diversidade maior da representação delas.
Em resumo: O mundo nerd não foi feito só para homens. Vamos parar de deixá-lo assim?