Os anos passam, mas “Sakura Card Captors” é de longe uma das obras mais eternizadas da CLAMP! Não é atoa que o seu retorno está sendo aguardado até hoje, e com novidades a todo vapor para os próximos anos, precisamos aproveitar e relembrar de como tudo começou. O grupo de mangakás, atualmente formado por 4 mulheres (já foram 11) Ageha (antes pelo nome Nanase), Mokona, Tsubaki e Satsuki fazem obras originais desde 1987, mas no Brasil só em 2001 conhecemos seu trabalho a partir de Sakura e suas cartas mágicas ancestrais, ainda que o mangá tivesse sido originalmente publicada em 1996 no japão, pela editora Kodansha.
Sakura Kinomoto é uma típica menina de 10 anos. Mesmo com o falecimento de sua mãe, ela vive feliz ao lado do pai Fujitaka e do irmão mais velho e implicante Touya. Sua vida se resume aos momentos na escola da cidade de Tomoeda e os afazeres domésticos, salvo quando ocorrem festividades, já que ela é bastante participativa, assim como sua melhor amiga Tomoyo Daidouji. Como toda jovem, tem um amor platônico por um rapaz mais velho… nesse caso, o amigo de Touya, Yukito. Tudo muda quando acidentalmente invoca o poder de uma carta que estava num livro mágico e expulsa outras 18 cartas (sim, muito menos que no anime que tem 52) que lá haviam. Com a função de vigiar as cartas, o guardião do Sol, o ursinho Kero (apelido para Kerberus) falha na missão e escolhe Sakura para resolver o que ela mesma causou. Com apenas a carta “Vento” ela fará de tudo para reunir as demais que se manifestam por toda cidade.
Com o tempo entendemos que as cartas foram criadas para auxiliar o mago Reed Clow, que faleceu deixando seu legado para alguém com habilidades, e Sakura questiona sua competência em todo momento, já que é jovem e se assusta facilmente, ainda mais no início, já que logo surge como rival, o estudante recém-transferido Shoran Li. Com o incentivo de Kero, Sakura se esforça para dar um fim nos problemas que as cartas geram, capturando-as e tendo como controlar seus poderes para enfim por todas no livro das cartas Clow. Com muitos sonhos proféticos, a jovem percebe que tudo é apenas o início de algo muito maior. Até mesmo na escola primária, Sakura sente que suas visões tem relação com Kaho Mizuki, uma professora substituta bastante misteriosa.
Com as 19 cartas divididas entre Shoran e Sakura, seria preciso um desafio para decidir quem merece o controle de todas, tendo eles que enfrentar o guardião da lua, Yue. Não bastando a difícil tarefa de enfrentar esse julgamento final, Sakura descobre que Yue estava presente em sua vida em todos os momentos, sendo difícil pensar em lutar com alguém tão querido. Com grandes reviravoltas, a trama se torna bastante intensa, já que o clima apresentado na maior parte da história é de ternura e com perigos pontuais por descontrole das cartas. Por mérito, Sakura se torna dona das cartas Clow. Nesse instante é fechado o primeiro arco da história (equivalente a 1ª e 2ª temporada no anime).
Meses após o juízo final, Sakura sente que algo está para chegar… e com a inserção de novos personagens, a nossa heróina deve tomar cuidado e entender a razão dos acontecimentos sobrenaturais que voltam a infernizar a cidade de Tomoeda. Com o desespero de não conseguir usar a magia das cartas Clow, Sakura descobre que precisa usar sua própria magia para transformar as cartas Clow em suas cartas (Cartas Sakura), restaurando o poder nelas contidas, já que é a nova dona. O responsável pelos conflitos que incentivaram Sakura a voltar a usar as cartas é Eriol, seu colega de turma vindo da Inglaterra. Sem muitas informações sobre o jovem gentil, é fato que ele tem um passado misterioso com relação ao mago Clow. Acompanhado de Spinel-sun e Rubi-moon (personagens rivais e semelhantes a Kero e Yue), Eriol atrapalhará o cotidiano de Sakura, pondo em risco as pessoas que são importantes pra ela.
Paralelamente aos acontecimentos, o romance entre Sakura e Shoran floresce, mas com situações que deixam os sentimentos em stand by, ainda que Sakura sinta algo especial por Yukito, amigo querido dela e de seu irmão Touya. Rika, Yamazaki, Shiraru e Naoko são divertidos e participam da parte cômica do mangá. Esses colegas de turma de Sakura também merecem destaque, já que muitos ajudam a jovem a resolver seus problemas externos, exceto o segredo de ser uma card captor. A única que sabe de suas desventuras é Tomoyo, a melhor amiga é realmente dedicada e faz de tudo para ver Sakura feliz. É perceptível que os personagens amadurecem e fazem mais pela trama, o que só acrescenta ao mangá que já começa animado. A prima de Shoran, a insistente Meiling Li, é uma personagem exclusiva do anime, mostrando que a intenção de estender a trama precisa de novas adesões.
Valorizando a importância da família, a amizade e a união nos momentos de necessidade, “Sakura” é um mangá cheio de amor, dedicação e cultura. Os traços são detalhadíssimos e merecem aplausos, já que em 12 edições Sakura teve inúmeros figurinos, todos confeccionados por Tomoyo, que adora filmar Sakura e suas aventuras. A edição especial (lançada em 2012) acompanha páginas coloridas com ilustrações incríveis dos personagens, justificando o valor diferenciado da edição simples vendida no ano de 2001, onde totalizava 24 volumes (meio tankobon, ou seja metade de uma edição japonesa). Se não conhece as obras CLAMP, comece pela mais cativante de todas… e para dizermos juntos:
Liberte-se!