Cavaleiros do Zodíaco é um dos maiores fenômenos que surgiu na TV brasileira na década passada. Surgido em 1986 no Japão o mangá de Masami Kurumada rapidamente gerou um anime de sucesso que quando chegou ao Brasil pela extinta Rede Manchete nos anos 90, gerou um grande boom dos animes por aqui.
Batalhas sangrentas,mitologia, amizade e perseverança era um dos muitos pontos positivo do anime que marcou uma geração e gerou a partir de então inúmeros produtos.
Os derivados Lost Canvas(umas melhores coisas,se não a melhor feita na franquia), Omega e recentemente Saintia Shô mantiveram a franquia viva, (embora alguns não tão bem aceitos) e tentando perpetuar na cultura pop. O longa em CGi lançado em 2014 dividiu os fãs quanto a sua estrutura da clássica história das 12 casas.
Em 2017 a Netflix anunciou que junto com a Toei Animation,o mesmo estúdio responsável pela série clássica faria uma versão do anime, agora em CGi, o que causou um misto de empolgação e medo dos fãs diante das adaptações feitas nos últimos anos para o mercado americano (Alita consegue ser uma boa exceção). Sendo fanática pela série(eu fiz crítica sobre A Lenda do Santuário quando lançaram em um outro blog)eu esperei com pouca empolgação pela nova série, e eis que estou aqui para dizer: Vai depender do seu nivel xiismo para acompanha-lá, mas sinceramente, ela não é o fim do mundo e sim um reboot com uma estrutura simples visando trazer mais publico para uma franquia de 33 anos e não só requentar uma mesma coisa para os fãs crescidos.
A abertura, a dinâmica dos personagens,seus design, os poderes,até algumas cenas são idênticas a sua fonte original, mas peca em algo crucial: a dramaticidade das batalhas é nula e muito rápida.
Essa nova versão de CDZ traz algumas questões legais,mas junto com elas algumas coisas não são acabam funcionando bem.O fato de trazer o anime para os tempos atuais não prejudica em nenhum momento, já que ver o Seiya de skate soaria como um adolescente de hoje normal, já seu novo vilão apresentado nessa parte o Vander Guraad é interessante, mas mal explorado. Nada contra haver modificações que acrescentem a historia,desde que eles valam a pena. Vander traz a ideia do ceticismo, que enquanto seu amigo Mistsumasa Kido é crente que Athena trará o bem pra humanidade, ele simplesmente acha que a tecnologia e o próprio homem é dono de seu destino, uma ideia interessante mas que se melhor desenvolvido seria uma ótima adição, o que não é o caso, já que poucos episódios(ao menos até essa primeira leva)não exploram essa terceira frente criada na franquia e fazer ela relevante. Outro detalhe negativo é os Cavaleiros Negros, que no mangá são aqueles que foram rejeitados ou expulsos do treinamento de cavaleiro e sucumbi para as trevas usando armaduras similares as de bronze mais escuras. Aqui são simplesmente guerreiros com armaduras tecnológicas a serviço de Guraad, e liderados por Ikki de Fênix, que embora seja um antagonista interessante como na série clássica, seu envolvimento com o novo vilão não fica claro e se perde devido a pressa na história.
A qualidade da animação em CGi embora simples sua modelagem, é bem melhor que eu esperava, tendo boa textura nas armaduras e detalhes de seus protagonistas, além de respeitar seus design originais e seus golpes que tem bons detalhes, como o cólera do dragão surgindo um dragão. O ponto falho é que a maioria dos episódios se passa no deserto, um cenário simples e sem vida e a luta contra exércitos que soa muito estranha e chata por assim dizer.
A produção aqui adapta a história do mangá de Cavaleiros do Zodíaco, e não do anime, que, por si só, já é mais direta e sem firulas. Entretanto, a nova versão acelera ainda mais o ritmo. Comparado ao anime clássico, o reboot é quase um relâmpago de plasma do Aiolia.
Ao menos os dois últimos episódios são os melhores e mais empolgante da temporada, onde ali os fãs verão mais do material original incorporado e deixa um gosto de ver que aquilo venha mais.
Pra encerrar essa crítica já grande demais, venho falar sobre uma das principais polemicas: Shun de Andrômeda. Sinceramente não concordei com a mudança, mas esperei pra ver em tela o que viria a trazer ao personagem e olha, que roteirista preguiçoso viu! Transformaram o Shun em a Shun(ou Shaun nos Estados Unidos). Se era pra ter representatividade por esse grupo só haver meninos e colocar uma garota, melhor seria criar uma personagem original e pronto, mas mudar um personagem que por ser sensível era chamado de menininha pra ser realmente uma menina, só reforça o preconceito sobre o mesmo. (Apoiaria se eles tivesse mudado o Ikki, ai sim seria algo incrível, uma mulher que aparece pra salvar os boys e sendo uma loba solitária, que daora!) Se vai mudar, ao menos dá um novo background, contexto, relevância e não apenas uma preguiçosa mudança de sexo!
Ah e não esquecendo de enaltecer a dublagem nacional que manteve todas as vozes clássicas que marcaram minha infância e que continuam fazendo um trabalho sensacional e digo mais, a tradução é tão boa que é um ponto super positivo pra tentar dá um voto de confiança e assistir a série! A trilha sonora traz uma nova versão da clássica Pegasus Fantasy, agora chamada de Pegasus Seiya feita pela banda The Struts, ela é boa, mas a antiga ainda tem seu ar nostálgico no coração, mas o publico novo vai cantar e quem sabe procurar ouvir contigo a anterior.
Bom, Saint Seiya: Os Cavaleiros do Zodíaco, pode não ser a melhor novidade de CDZ, mas também, não vejo essa tragédia anunciada previamente pelos os mais exaltados fãs. Apesar dos problemas,é visível que o novo produto une o velho e o novo para atrair um novo publico pra manter a franquia viva, mas também entende que existe uma geração que sempre foi fiel aos defensores de Athena e também querem continuar a acompanhar. Pra esses fãs xiitas, minha recomendação é: Assistam sem expectativas de ver a mesma coisa de antes, e você poderá até se divertir com seu filho,primo ou irmão mais novo que tanto você queria mostrar CDZ, mas ele não queria ver por ser velho! Eis uma nova oportunidade de fazerem eles respeitarem e conhecer uma obra de 33 anos viva na nossa mente.