Baseada na série de livros Fear Street, do autor R.L. Stine, a Netflix trouxe finalmente o projeto no formato de uma trilogia de filmes. Com lançamento durante 3 sextas-feiras de julho Rua do Medo: 1994 – Parte 1 é o primeiro que chegou no catalogo e surpreende por trazer bem os conceitos do autor dos livros em um despretensioso, divertido e autentico slasher dos anos 90.
Escrito e dirigido por Leigh Janiak a trama mostra a pequena cidade de Shadyside, famosa por ter um histórico com seriais killer e um grupo de adolescente investiga a possibilidade desse ciclo de morte está relacionada com uma maldição que envolve uma bruxa do século 17.
Tendo dirigido dois episódios da série Pânico, a diretora não esconde em nenhum momento que pretende prestar tributos a clássicos do gênero Slasher, de Halloween ao próprio Pânico e isso se faz um bom acerto porque da mesma forma que ela busca essas referencias ela não se desconecta da proposta da série de livros. Tudo que vimos milhares de vezes nos slasher dos anos 90 está de forma bem apresentável e por quer não dizer clichê estão aqui sem nenhuma cerimonia, até os principais furos de roteiro estão aqui e o longa é auto consciente com isso. Ao mesmo tempo temos uma certa desconstrução quando o sobrenatural ganha força, Rua do Medo 1994, como o primeiro longa da trilogia, serve para isso mesmo, como um primeiro capítulo, que serve para colocar a grande ameaça que a cidade vive há mais de 300 anos em destaque. Apesar de economiza e telegrafar os famosos jumpscares, a diretora é boa em criar sequencias de perseguições. As mortes apesar de se tornarem mais intensas e explicitas com o andamento da produção, deixam um pouco a desejar pelo uso do CGi em alguns momentos.
A trama se desenvolve horas explicando muito sua mitologia, horas deixa algumas coisas em abertos por haver mais dois filmes para explorar, o que pode parecer uma contradição narrativa, mas entendendo o formato de lançamento dos longas, faz sentido um estilo meio minissérie.
Destaco aqui também o grupo de jovens que são bastante carismáticos e seus relacionamentos ao contrario das inúmeras produções do gênero realmente faz a diferença na historia. Deena e Sam são particularmente interessantes pela forma que o filme desenvolve o relacionamento conturbado do casal, que passa por um término cheio de sentimentos mal resolvidos. Olivia Scott Welch não se destaca tanto como Sam, mas Kiana Madeira rouba a cena como Deena, entregando em sua performance a angústia adolescente de alguém que passa por problemas em casa e nos relacionamentos mas que ainda não sabe como colocar em palavras esse turbilhão de emoções, além de ser altamente habilidosa quando a situação engrossa. A dupla formada por Fred Hechinger e Julia Rehwald é outro destaque. Como os amigos Simon e Kate, os dois são prestativos, mas também demonstrar um lado mais provocador e ocasionalmente perverso e ácido da juventude.
Aliado a boa trilha sonora de Marco Beltrami (o mesmo compositor da franquia Pânico) e embalada por trilhas da época e referencias geek, Rua do Medo: 1994 – Parte 1 consolida bem seus objetivos em ser uma primeira parte de um terror adolescente. É um filme que respeita bem a base do livro ao mesmo tempo avança sua própria identidade como slasher.
Agora é esperar que as Partes 2 e 3 sejam tão legais quanto esse inicio.