Rivais | Luca Guadagnino esbanja tesão e rivalidade em seu novo trabalho

Muito mais que uma partida de tênis...

Danilo de Oliveira
7 Min de Leitura
4.5 Ótimo
Crítica - Rivais

Diretor de ótimos trabalhos recente como Me Chame Pelo Seu Nome, o remake de Suspiria e Até os Ossos, Luca Guadagnino sempre foi um diretor que usa sua ótica um tanto que peculiar para contar histórias. Seu novo projeto, Rivais que traz Zendaya como principal protagonista é mais um desses projetos que usa o tênis para dizer muito mais sobre um triângulo amoroso cheio de questionamentos.

Em Rivais ( Challengers no original) acompanhamos os melhores amigos Patrick (Josh O’Connor) e Art (Mike Faist), dois parceiros na quadra de tênis, formando uma dupla conhecida como Fogo e Gelo. Mas a fama deles não chega perto do sucesso de Tashi (Zendaya), um prodígio no esporte com visões bem definidas para seu futuro. Só que nenhum dos três poderia imaginar o que ia acontecer quando seus caminhos cruzam.

Um acidente prejudica a carreira de Tashi para sempre, a transformando numa treinadora. 13 anos (e muitas reviravoltas amorosas) depois, Art e Patrick se enfrentam novamente numa partida de tênis. Um se tornou um campeão consagrado, mas que enfrenta uma fase difícil. O outro caiu no ostracismo e vive vagando por aí, procurando um lugar para dormir. Por sua vez, Tashi ainda sente a ambição e determinação de uma jogadora, se encontrando no meio dos dois ex-amigos num jogo que vale muito mais do que um troféu.

Warner Bros/Reprodução

O roteiro de Justin Kuritzkes unindo a perpiscaz direção de Guadagnino é incrível no estudo de seus três protagonistas. O tênis é colocado como uma analogia para relacionamento, algo que apresentado e trazido de volta a trama de forma incrível. Com isso vamos os arquétipo de cada personagem que enxerga suas vidas espelhadas em suas ambições: Um acredita em determinação e glória. O outro crê que o talento fala por si só. E por fim, tem aquele que vê tudo como um esforço, pro bem e pro mal. Cada tem seus objetivos e eles divergem de concordância um do outro. A construção da narrativa não linear é fundamental para não entregar o desfecho logo de cara e convidar o público a entrar em um jogo onde não existe certo e errado, apenas três pessoas cheias de desejos.

O triângulo amoroso exala sensualidade que vai muito além da pegação. O clima é palpável até mesmo quando nem parece que haverá algo sensual e o diretor só reforça o seu poder em fazer algo ser sensual sem precisar de algo explícito, apenas com sugestividade, algo que merece ser reconhecido como poucos.

Warner Bros/Reprodução

E toda essa construção do triângulo amoroso poderia cair facilmente no melodrama e acabar sendo um tédio, aqui se mantém em frenesi constante o que não lhe faz tirar os olhares diante de cada reviravolta que ela traz.  O que inicia como uma pegação de juventude se transforma em mais de uma década de rancor. Por mais que seja a “destruidora de lares” a conexão existente entre Art e Patrick esconde algo maior que a amizade, algo que nem Tashi consegue destruir. Ainda sim a ex-jogadora constrói relações com cada um centrada em necessidades emocionais muitos diferentes. Essa relação ambígua e cheia de idas e vinda nunca nos para de surpreender durante a trama.

Aliás eu falei da direção e roteiro geniais, mas não falei do restante do trabalho técnico que é de respeito e só engrandece o filme. O diretor de fotografia Sayombhu Mukdeeprom (que já trabalhou em Suspiria e Me Chame Pelo Seu Nome) cria cenas incríveis, desde de closes nos rostos suados dos jogadores durante a partida, como até uma visão da bola em movimento, passando por um extraordinário momento em que vimos tudo por debaixo da quadra. Tudo é preciso e cria uma tensão até mesmo numa discussão em uma ventania ou apenas um close do olhar da Zendaya é impressionante! Outro ponto de impressionar está na vibrante trilha sonora da dupla Trent Reznor e Atticus Ross que transforma o cinema em uma balada e não deixa em nenhum momento a bola do filme cair de tão energética.

Warner Bros/Reprodução

Outro elogio vai para o time de caracterização, que não poupou esforços para mostrar a passagem do tempo. Das roupas aos cabelos, tudo muda quando o trio envelhece e isso é fundamental para situar o espectador na história. O cabelo ondulado de Zendaya, por exemplo, é inversamente proporcional à sua maturidade, e a barba mal feita de Patrick reflete a sua péssima situação financeira.

Se a parte técnica é tão impressionante o que dizer do elenco que brilha de forma autêntica. Zendaya carrega a presença mais imponente do filme. A atriz surgida na Disney e alçada ao sucesso pela trilogia do Homem-Aranha do Tom Holland na Marvel e a série Euphoria da HBO (que a fez ganhar 2 Emmys) só mostra que amadurece a cada papel e aqui muitos momentos da sua Tashi são apenas através de expressões e olhares e a atriz é magnética a cada aparição sua em tela.

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Josh O’Connor caminha numa linha tênue onde o seu personagem quase se torna um bobo, mas ele nunca deixa a peteca cair, trazendo charme e timmng cômico pra equilibrar com seu dramático. Já Mike Faist é o lado completamente oposto ao do amigo, sendo mais calmo e romântico porém não menos cínico e ambicioso.

Pra finalizar, Rivais é um baita filme que usa uma partida de tênis como pano de fundo para uma relação de amizade, amor e ambições que passa dentro e fora das quadras.

Crítica - Rivais
Ótimo 4.5
Nota Cinesia 4.5 de 5
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