Rio Vermelho, vencedor do Daily Mail Best Seller Competition, é escrito pela novata Amy Lloyde e chega este ano ao Brasil pela Faro Editorial. Com uma trama que mistura suspense policial e thriller psicológico, somos convidados a conhecer a história de uma professora inglesa, que mergulha de cabeça em um romance nada convencional.
Após ser apresentada pelo namorado a um documentário investigativo sobre um jovem americano sentenciado ao corredor da morte, Samantha, ou Sam, como prefere ser chamada, torna-se ainda mais obcecada pela trajetória de Dannis Danson, condenado no início dos anos noventa pelo assassinato de uma jovem no condado de Red River, no estado da Flórida, EUA.
O caso chamou sua atenção e despertou sua mais profunda empatia. Um jovem bonito e problemático de um lar desestruturado, pobre e com um pai alcoólatra e violento, levado a condenação a partir de acusações com provas contraditórias e um julgamento comprometido pela atuação imparcial da polícia local.
Após um término conturbado de seu relacionamento, Sam parece redirecionar suas energias e suprir parte de sua carência emocional participando cada vez mais de fóruns na internet e grupos que denunciam manipulação de provas utilizadas no caso no americano. Junta-se então ao movimento de militância pela soltura do acusado e, cada vez mais envolvida com a história, passa a enviar cartas para Dennis, mesmo que sem expectativa de obter respostas.
Para sua surpresa, Samantha é respondida. Seu vínculo com Dannis se torna cada vez mais estreito e declarações de amor surgem de ambos os lados. Em um ato de loucura, a protagonista resolve comprar sua passagem para conhecê-lo, mesmo que através de visitas na penitenciária.
Motivada por amor, ou por uma obsessão que parece suprir um vazio e insegurança pessoal após relacionamentos frustrados, Samantha se deixa levar em um relacionamento repentino e completamente inconvencional, ainda que cercada de diversas opiniões contraditórias sobre o caráter de seu interesse amoroso.
Casa-se com ele na cadeia e , em meio à uma reviravolta inesperada, Dennis recebe a liberdade que tanto ansiava. Os dois vão viver juntos em uma cabana na floresta, mas para a surpresa de Sam, nem tudo é o que parece, algumas acontecimentos levarão a jovem a se questionar sobre a verdadeira natureza dos fatos. Será que Dennis é realmente tão inocente quanto diz? O que fazer quando não se confia mais no caráter de alguém que dorme com você?
Rio Vermelho é repleto de flashbacks e depoimentos em paralelo, que remontam à época dos acontecimentos que levaram à prisão de Dannis, além de trechos de entrevistas e documentários anteriores. Esse recursos dão mais dinamismo à história e aumentam a tensão em torno dos protagonistas, tornando a narrativa de suspense policial ainda mais viva, assumindo um protagonismo que às vezes falta à própria Samantha, quase sempre inerte e abatida, que acaba apagando um pouco da sua importância para a fluidez da história.
Talvez sua forma de atuação e posicionamento funcione como recurso para provocar ainda mais angústia no leitor, fazendo parte do repertório criativo da autora, que, dessa forma, pode demonstrar uma vontade de evidenciar a carência e fragilidade emocional da personagem em um contexto de grande apreensão e aflição no qual se encontrava, levando à introdução perfeita para tratar de um relacionamento doentio e abusivo sofrido pela protagonista.
A aura de inocência criada em torno de Danson -o badboy de boa aparência e incompreendido em sua juventude- no contexto inicial do livro é tensionada posteriormente, culminando em um misto de emoções por parte do leitor que acompanha sua trajetória. A dúvida e a curiosidade impulsionam a leitura, a fim de que se possa descobrir qual a verdadeira natureza de seu caráter, que pode ser muito mais complexo do que o esperado.