Você se lembra de alguma leitura prazerosa que quanto mais páginas lia, mais a história te prendia? Simon vs A agenda Homo Sapiens é exatamente desta maneira. A autora iniciante Becky Albertalli começa criando uma narrativa deliciosa que torna o leitor refém dos seus personagens e não conseguimos nos libertar tão fácil da história.
O livro é narrado na visão do Simon, um garoto de 16 anos que é gay, mas não sente nenhuma vontade de se abrir a respeito disso. Para o Simon, se as pessoas héteros não precisam sair de um “armário”, por qual motivo ele deveria sair de um? Mas não é somente isso! Simon troca e-mails anônimos com outro garoto da sua escola, daí a história dá uma engatada, pois um colega de classe de Simon descobre essa troca de e-mails e rola uma chantagem por conta dessa situação embaraçosa.
O interessante é, que a partir do ponto que os e-mails são descobertos por esse colega de classe, Simon precisa tomar decisões importantes, como lidar com ele mesmo, seus amigos, a própria chantagem e o mais importante, descobrir quem é Blue, com quem troca e-mails.
Com uma abordagem sem muitos círculos, a autora toca em assuntos tidos como tabu em nossa sociedade de forma simples, cautelosa e natural. A maneira que Simon se vê transmite tanta segurança e é uma ótima mensagem para os leitores. Mas a Becky também colocou seu lado vulnerável, assim como todos nós possuímos.
Minha ressalva é em relação a profundidade dos personagens. Durante a leitura e ao passo que eles eram apresentados, senti que alguns tinham um desenvolvimento bem simples e que poderiam ser mais explorados. Ficou aquele gostinho de quero mais.
De modo geral, estou bem surpreso com a qualidade do romance iniciante da Becky Albertalli. A editora sem sombra de dúvidas apostou e acertou na escolha de trazer o livro para os leitores brasileiros e entrou para minha lista dos melhores de 2016. Agora é com você, se dê a oportunidade de conhecer Simon e descobrir o misterioso Blue!
As pessoas realmente são como casa com vastos quartos e pequenas janelas. E talvez seja uma coisa boa, a maneira como nunca paramos de nos surpreender.