Livro lançado em 2006, Os Filhos de Anansi ganha uma nova roupagem pela Editora Intrínseca, que o lançou no primeiro semestre deste ano.
A história começa bem simples, como sempre a vida do personagem principal é pacata e muitas vezes monótona, sem nada de interessante. Mas para Charlie, isso é intensificado. Ele é aquele cara muito na dele que acaba sendo invisível, ficando despercebido para uma boa parte das pessoas. E para piorar, quando criança, Charlie sofria com um constrangimento terrível que o seu pai causava a ele. Isso com certeza refletiu no adulto que ele se tornou.
Com aproximação do seu casamento, ele se vê confrontado a encontrar seu pai, que há muito tempo não vê para convida-lo ao seu casamento. Ao ligar para uma vizinha de sua cidade natal, Charlie descobre que o Pai morreu e tudo na sua vida irá mudar de forma inesperada.
Primeiro, o pai é uma encarnação de um deus africano, chamado Anansi e depois descobre ter um irmão, que para piorar, pegou toda parte boa de ser um filho de um deus. Mas não se preocupe, isso é apenas o começo da “pequena”, emaranhada e bem bolada história do Gaiman.
Com uma narrativa que explorava a cultura africana, com lendas e histórias sobre a criação e quem conta todas as histórias do mundo, o autor mescla essa bagagem cultural com elementos de um romance policial e questões familiares. Gaiman sabe equilibrar bem esses elementos, sabendo posicioná-los durante a leitura de modo que prenda atenção do leitor e o deixe curioso, tanto pela relação problemática de Charlie e seu pai e agora com o surgimento do seu irmão, que vai causar muitos problemas a sua vida engomada e perfeita.
Confesso não ser um leitor assíduo das obras do Neil Gaiman, mas desde que li Coraline sou apaixonado pela sua escrita e da forma que ele descreve os detalhes em volta dos seus personagens criando uma atmosfera única. E neste livro não é diferente.
Mesmo com quase 10 anos de lançamento, Os Filhos de Anansi se mantém atual, como qualquer livro publicado hoje. Com uma abordagem que mistura elementos místicos e situações familiares nos quais conseguimos nos imaginar nelas, a obra só Neil Gaiman fala sobre como as histórias são como teias, e como cada fio que a compõe é uma pessoa.