O livro O Pacto foi minha primeira leitura do Joe Hill (também autor de A Estrada da Noite), e foi surpreendente. Imagine-se acordando no meio da noite, e ao ir ao banheiro olhar-se no espelho e ver chifres em sua cabeça. Pois isso é o que acontece com o Ignatius Perrish. Além de chifres, as pessoas ao redor de Ig (seu apelido) vão confessando seus pecados mais íntimos e seus desejos mais fervorosos.
Ao passo que Ig tenta entender o que está acontecendo e por que as pessoas contam seus pecados, chifres continuam a crescer em sua cabeça e ele lida também com o julgamento de toda uma cidade que tem a plena certeza que ele é o responsável pelo assassinato e estupro da sua namorada, mesmo tendo sido absorvido de tal acusação. Entretanto, ele acaba descobrindo algo que muda todo o rumo da história, Ig descobre quem é o assassino da sua namorada. Nisso ele vê que esse dom, pode ser o escape para que ele possa ter não sua justiça, mas a sua vingança.
O livro não tem uma história linear, ele é cheio de voltas ao passado com ligações com o presente. Isso foi um grande acerto do Joe Hill, ele consegue explanar as motivações e inclinações para as ações dos seus personagens, assim prendendo o leitor em sua narrativa, que mesmo em alguns momentos totalmente desprovidas de diálogos não se torna entediante.
Tanto a natureza do homem como sua personalidade tem um grande foco durante todo o livro e até onde um ser dissimulado pode chegar com seus desejos e objetivos sujos. Questões religiosas estão presentes, desde, por exemplo, Deus permitir o sofrimento no mundo, céu, inferno de fogo e será que o próprio Deus e Satanás não estão em um mesmo lado? Todos esses questionamentos são inseridos no contexto da história, para que o leitor faça sua própria reflexão.
O Pacto é um livro com uma ótima escrita e narrativa que te excita não somente pelo fato de ser um suspense, mas por causa de sua complexidade das ações, sentimentos e pecados humanos adicionado com o fator sobrenatural. Joe consegue de forma incrível equilibrar tudo isso e mais um pouco em um único livro. Então, “em matéria de maldade, quem é pior o homem ou o Diabo?”.