Resenha: Half Bad

Willyam Nascimento
3 Min de Leitura

Half Bad é o primeiro romance da autora Sally Green e publicado aqui no Brasil pela editora Intríseca. O livro vai muito além de um mundo de bruxos e não bruxos, mas de intolerância e racismo.

Ele é narrado em primeira pessoa por Nathan, jovem, filho de uma bruxa da luz com um terrível bruxo das sombras. Seu principal objetivo é completar 17 anos, ganhar seus três presentes em uma cerimônia na qual se tornará bruxo e seu dom finalmente será revelado. Contudo, sem perder a esperança de encontrar o seu pai.

A sociedade que Nathan vive é dividida entre os bruxos da luz, os das sombras, os meios sangues (filho de bruxo e humano) e os humanos que são chamados de félixes e que em sua maioria desconhecem a existência dos bruxos. Para manter a ordem, existe o Conselho, extremamente rigoroso que utiliza bruxos caçadores para perseguir e exterminar o grande mal que eles consideram ser os bruxos das sombras.

A Sally logo no começo do livro imerge o leitor dentro da história como um personagem, o que eu estranhei e me atrapalhei um pouco, mas depois percebi que, nem que seja brevemente, o leitor consegue fazer parte do livro de uma maneira diferente das narrativas que estamos acostumados, torna-se mais real em certos pontos.

A narrativa que a autora constrói é leve, instigante e forte.[[[ Li muitos comentários de leitores tinham se incomodado com a]]]] violência presente, argumentando que chegavam a ser desnecessária. Mas vejo por outra vertente, em que a história fala sobre preconceito e racismo que o Nathan sofre por ser o único meio sangue entre os bruxos. É renegado pela sua própria raça. Portanto a Green nada mais faz do que uma crítica social a nossa realidade, no qual pessoas são ofendidas, perseguidas e mortas por questões raciais, étnicas, sociais e tantas outras. Faz nos pensar sobre.

Um ponto negativo é em certo momento na leitura, depois da metade do livro, alguns acontecimentos parecem forçados e tentam não se assemelhar com outros livros do gênero. Parecem dizer: “Eu não sou mais um livro de bruxos, não sou mais um livro sobre adolescentes tapados”.  Sem esse pequeno apelo, com certeza o livro fluiria bem melhor.

De um modo geral, percebe-se fortemente durante todo o livro uma forte crítica ao preconceito, intolerância, desigualdade que autora passa. Posso afirmar que não vejo isso desde Jogos Vorazes e Divergente, um peso social como esse em uma obra, o que me animou bastante. Espero que no próximo livro a Sally não force algo que ela mesmo pode criar e neste caso trilhou.

 

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