Primeiras impressões | Uma jornada de autodescoberta para Loki

Emile Campos
6 Min de Leitura
Disney+/Reprodução

A Marvel Studios segue em sua jornada de séries pelo Disney+. Depois de Wandavision e Falcão e o Soldado Invernal, a próxima atração da empresa no streaming do ratinho é um dos personagens mais queridos do seu universo: Loki.

Interpretado magistralmente por Tom Hiddleston, o personagem que surgiu como um antagonista em Thor(2011) e se tornou um dos poucos vilões memorável da Fase 1 do MCU. Sua carisma só foi crescendo com o tempo e mesmo depois de um destino trágico em Vingadores: Guerra Infinita, o personagem ganhou a chance de ser protagonista de sua própria série no universo da empresa e possivelmente definir uma nova abordagem para o curso dele a partir de então.

É bem curioso ver como o estúdio estar utilizando suas séries para reconstruir sua estrutura. Kevin Feige mostra como conhece seu universo e como precisa reconstruir a formula de décadas aos poucos para manter ele em curso. Se Wandavision trouxe um frescor inusitado ao MCU explorando uma analise do luto sobre a Feiticeira Escarlate enquanto homenageava as sitcoms, Falcão trouxe uma abordagem mais politizada e focada nas causas socais, agora Loki promete apresentar o conceito do Multiverso ao universo da empresa ao mesmo tempo que coloca seu protagonista em uma jornada de autoconhecimento com altas doses de ironia.

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Aqui, acompanhamos o deus da trapaça (Tom Hiddleston), que é preso por agentes de uma organização denominada AVT (Autoridade de Variação Temporal) logo depois de fazer sua fuga com o Tesseract – cena que vimos em Vingadores: Ultimato, e que a série recapitula rapidamente em seu início para se contextualizar.

Nas dependências dessa organização com cara de repartição pública burocrática, Loki quase é condenado à morte (ou algo parecido) por interferir no que os agentes chamam de Linha do Tempo Sagrada. Quem intervém em seu favor é o agente Mobius (Owen Wilson), que acha que o deus da trapaça pode ajudá-lo com um caso especialmente difícil.

É a partir disso que a série se inicia e o roteiro de Michael Waldron, responsável por Rick and Morty, se equilibra entre humor, mistério, investigação e viagens no tempo, colocando nosso querido vilão em uma jornada moral e autodescoberta.

Se utilizando de uma certa metalinguagem, Tom Hiddleston e Waldron conseguem fazer um novo começo para Loki. De arrogante, mimado e sempre buscando aprovação como foi concebido no MCU, preso na AVT o personagem ver sua “razão de ser” destroçada quando tudo o que imaginava realizar de fato não é nada ali. Suas ações e moralidades são confrontadas e juntamente com Hiddleston, Owen Wilson, habilmente cria uma ótima interação e com ela vem discursões ótimas sobre destino, escolhas e que poder de livre-arbítrio tem alguém dentro de uma narrativa que não controla.

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Ainda que bastante didática em seu inicio— inclusive com adoráveis instruções animadas que fazem alusão a animações clássicas da década de 30 e 40 — Loki não deixa de lado o humor ácido. E a interação Hiddleston e Wilson que eu disse acima ajuda nesse quesito. A troca de farpas de um para o outro até parece um jogo, onde um precisa do outro mas não há confiança em ambos.

Falar do visual das séries da Marvel é como chover no molhado e Loki consegue se superar. A direção de Kate Herron (Sex Education) juntamente com a designer de produção Kasra Farahani (Capitã Marvel) consegue trazer estéticas que mesclam com os thriller de investigação estilo Seven e True Dectitve com ficção cientificas que misturam objetos futuristas com objetos retro que compõem AVT. São estruturas que conferem o quão caótica é a proposta da série e o local onde o protagonista está, dando uma ideia de tempo se apresenta de forma diferente lá.

Repleto de referências, easter-eggs e “zoeiras” com os demais filmes da Marvel, a série do Disney+ promete ser a mais importante da Marvel até agora em fazer ramificações com os filmes da Fase 4(talvez um tal Multiverso da Loucura?).

O começo de Loki pode até parecer fazer graça de si mesmo e se utilizar de certos clichês do MCU, mas funciona de tal forma que não dá para saber o que vem a seguir nos próximos capítulos, igualmente seu protagonista. Agora as quartas usamos verde de Loki viu!

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