A franquia Planeta dos Macacos é uma das mais clássicas de Hollywood. A ficção científica lançada nos anos 60 perdura até hoje com inúmeros filmes lançado, principalmente pela sua última trilogia prequel que “encerrou” em 2017 com Planeta dos Macacos: A Guerra.
Digo, “encerrou” porque agora em 2024, sobe comando da Disney que adquiriu os direitos da franquia após a compra da Fox, o novo Planeta dos Macacos: O Reinado, continua as história deixadas pela trilogia anterior e apresenta um novo protagonista para seguir a figura de César após o encerramento do arco de A Guerra (2017).
O Reinado mantêm o legado da franquia e entrega uma aventura grandiosa agora sobe o comando de Wes Ball ( da trilogia Maze Runner) que entrega bons argumentos e idéias, apesar de não explorar- las com a densidade merecida e trazer um protagonista sem a mesma a força de Cesar nos anteriores.
Na trama, Noa (Owen Teague) é membro de uma tribo de chipanzés que vive em função da criação de águias e de respeito a natureza, fazendo uma referência clara (no mundo dominado pelos macacos) aos nossos povos originários. Eles não conhecem o legado de César, mal tiveram algum contato com seres humanos (que chamam de ECOs) e vivem em paz em sua floresta, até que são atacados por um bando de outros símios, trogloditas armadurizados que declamam frases de Cesar enquanto assassinam os lideres do clã e capturam o restante dos moradores. Cabe a Noa, o único fugitivo do ataque, encontrar os seus, com a ajuda de uma humana (Freya Allan) e de Raka, um orangotango pregador (Peter Macon) para salvá-los do grande perigo que é o reinado de Próximus Cesar (Kevin Durand).
A idéia de Ball juntamente com o roteirista Josh Friedman, é simples e objetiva: injetar uma aventura de descoberta e amadurecimento do jovem protagonista em meio a cruel realidade do mundo que vive e não sabia da sua real existência que lembra bastante em muitos momentos Planeta dos Macacos: A Origem, seja na forma como é alçado a trajetória de César para se tornar um lider, aqui temos Noa vivenciando, mas com uma pegada mais de uma jornada aventuresca.
O problema disso, tudo é apesar das boas motivações e até certo carisma, se apoiar na figura do César, se torna o calcanhar de Aquiles da produção. O carisma e presença do personagem da franquia anterior têm, nenhum personagem aqui consegue chegar perto e ao manter-lo presente como uma figura quase que messiânica acaba por fazer o filme perder sua força e tentar usar -lo de muleta pra tentar ascender o Noa que ao contrário dele não tem essa presença forte.
Os temas abordados aqui também são bem interessantes e condizem com a que a franquia Planeta dos Macacos sempre questionou sobre tirania, evolução e a ambiguidade na relação entre homens e macacos, e até religião, contudo esses textos nunca são abordados da maneira densa como deveras. Tudo é bem raso, o que pode causar certa decepção em alguns por isso.
Contudo se existe, esses deslizes, a parte técnica se sobressair como sempre. A captura de movimento continua tão incrível como na trilogia anterior, a fotografia é de encher os olhos em vários momentos e o ritmo é bem fluido mesmo com mais de 2 horas de duração.
E, é claro, não posso deixar de comentar o comprometido trabalho de um elenco de peso, com destaque às performances de Teague, Durand e Macon, entregando-se de corpo e alma aos personagens que lhes são dados.
Planeta dos Macacos: O Reinado mantêm o legado da franquia e entrega uma aventura empolgante que apesar dos deslizes, expande o universo deixado pelos seus antecessores e mostra que ainda há história desse mundo a serem contadas.