Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar demonstra cansaço e falta de originalidade na franquia

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura

Piratas do Caribe começou extremamente desacreditada. O peso de ser um blockbuster baseado em uma atração do parque da Disney, além de o primeiro filme de piratas depois do fracasso de A Ilha da Garganta Cortada, filme que sepultou o gênero até então, trazia riscos para o estúdio. Mas com uma arrecadação estrondosa e o transbordante carisma do ator Johnny Depp no papel do hilário pirata Jack Sparrow, a “franquia” tornou-se franquia de verdade e a Disney apostou em uma trilogia épica. Apesar das bilheterias estratosféricas, é quase um consenso que os dois longas subsequentes embora bem divertidas, não tem o mesmo ar despretensioso do primogênito e quatro anos depois, em 2011, “Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas” aportou nos cinemas com parte do elenco renovado, e praticamente não agradou a ninguém e mostrou o cansaço da franquia.Agora seis anos depois Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar“,tenta emular suas origens e regatar a franquia. Ao menos pretende.

A trama se passa alguns anos depois dos eventos do quarto filme e Jack (Johnny Depp) novamente se encontra sem navio e sem tripulação, apenas com a miniatura do Pérola Negra e, claro, sua bússola que não aponta para o Norte. No fundo do poço, sem um tostão, Sparrow acaba entregando sua bússola como pagamento por rum. Mal sabia ele que isso libertaria o capitão Salazar (Javier Bardem), um antigo caçador espanhol de piratas, que acreditavam estar morto. Com a ajuda de Henry Turner (Brenton Thwaites) e Carina Smyth (Kaya Scodelario), Jack precisa encontrar o Tridente de Poseidon, capaz de quebrar todas as maldições do mar, salvando-o, portanto, de Salazar.

Se você é fã da série vai reparar que o novo filme é uma copia do primeiro: temos um velho inimigo de Jack que retorna, um casal que demora a demonstrar o que realmente querem, maldições a serem quebradas, um oficial da coroa britânica perseguindo os piratas e uma tripulação de pessoas que não estão mortas nem vivas.Embora resgatar elementos que deram certo não tem nenhum problema, o detalhe é que vemos aqui é uma versão do primeiro filme sem o mesmo brilho e ainda demonstrando como a franquia já não ousar para se sustentar.

Os diretores Joachim Rønning e Espen Sandberg, inexplicavelmente, erram a dose de exagero nas cenas de ação. Sim, os outros filmes da franquia são recheados de momentos insanos e impossíveis, mas eram divertidos e marcantes. Em A Vingança de Salazar, não há sequer nenhuma sequência louvável. Todas atingem um nível de absurdo que claramente subestimam a inteligência dos espectadores. Devo apenas mencionar os tubarões zumbis, que são incríveis o suficiente para tirar o fôlego dos expectadores por alguns segundos e nada mais.

Ao menos o desenho de produção continua como um dos pontos altos da série, junto dos excelentes efeitos especiais, especialmente o usados para construir Salazar e sua tripulação, os quais perfeitamente simbolizam a morte em si. Além disso, tivemos mais um exemplo do rejuvenescimento facial realizado pela Disney, que acerta em cheio no jovem Jack Sparrow, o qual, ironicamente, é melhor do que o velho nesse filme.

O novo casal vivido por Thwaites/Scodelario,tentam até trazer o clima nostálgico do casal da trilogia passada(ela se sai um pouco melhor devido a  linda e inspirada Scodelario) mas sem o mesmo carisma, a química acaba não dando tão certo. Johnny Depp cansou. Sua performance como Jack Sparrow está muito mais exagerada e bem menos engraçada. Aqueles maneirismos que o ator criou de forma tão brilhante no passado já não tem o mesmo vigor de antes.

O grande Javier Barden com um visual ameaçador, oferece um antagonista no mínimo dedicado para o filme e mais ameaçador do que o seu antecessor, Barba Negra. Já Geofrey Rush se diverte com seu Barbossa.

A Vingança de Salazar apenas repete a mesma fórmula do primeiro filme, sem acrescentar praticamente nada para a franquia. Mesmo com o carisma e talento dos novos personagens e a nostalgia que acompanha o elenco original, o quinto filme da série não consegue justificar sua existência. Diálogos vazios, desfechos questionáveis e cenas de ação que deixam muito a desejar predominam uma experiência frustrante. É triste ver o rumo que a franquia tomou e o desgaste que existe ao redor de um dos personagens mais queridos do cinema.Chegou a hora do capitão Sparrow atraca seu navio.

Obs: O filme tem uma cena após os créditos

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