Uma vertente em Hollywood é refilmar filmes pra manter vivas historias celebres para novas gerações. A incrível historia de Henri “Papillon” Carrière que já havia ganhado as telas em 1973 com Steve McQueen e Dustin Hoffman, recebe uma releitura mais atual.Estrelado dessa vez por Charlie Hunnam e Rami Malek chega ao Brasil um ano após sua primeira exibição no mundo – durante o Festival de Toronto 2017.
Para quem não viu a mencionada adaptação original do diretor Franklin J. Schaffner ou não conhece a história do protagonista, Carrière era um ladrão e arrombador de cofres que após cometer um terrível erro, é sentenciado à prisão perpétua. Como se o termo prisão perpétua já não fosse suficiente, Carrière ainda é enviado para cumprir sua pena em uma colônia penal situada em uma ilha na Guiana Francesa, um verdadeiro buraco infernal sem fundo onde apenas o mais forte de corpo e espírito é capaz de sobreviver. Durão e teimoso, Carrière não pensa em passar o resto de sua vida apodrecendo no local, e ao lado do desengonçado (e supostamente rico) falsário Louis Dega, planeja uma fuga considerada impossível.
Aqui, ainda que não tenha o brilhantismo da dupla original, os carismáticos Hunnam e Malek, substituem com competência e talento à McQueen e Hoffman respectivamente, e ambos entregam performances muito acima da média de suas carreiras.
Com o roteiro de Aaron Guzikowski (Os Suspeitos, 2013),a nova versão comandada dessa vez pelo dinamarquês Michael Noer, não perde tempo em se revelar dona de uma narrativa dinâmica e moderna. Esta leitura acerta de cara ao evitar os maneirismos do cinema hollywoodiano atual, ou seja, nada de atropelos, edição e montagem frenéticas ou qualquer trejeito adquirido da era dos videoclipes da MTV. Este é um forte exemplar do cinema adulto de entretenimento que ainda resiste à extinção.
O cineasta em poucos instantes, define as ameaças, cria situações aparentemente sem escapatória, desenvolve seus personagens à base da ação (e deixa seus atores se assentarem neles), cria elos entre eles e subverte o esperado através do triunfo inimaginável. Seu filme é simples, mas recheado das melhores qualidades que fazem Hollywood : a mescla exata, entre entretenimento (aqui, diversão adulta) e subtexto o suficiente para nos fazer refletir a cada entrelinha.
No geral,o novo Papillon mostra como uma refilmagem deve ser feita. Tudo bem que ele não traz nada de aparentemente novo ou diferente em relação ao filme original, mas pra quem tem desinteresse em procurar um filme de 45 anos pra ver, a versão atual se mostra igualmente competente