Nos anos 90 em meio a saturação do gênero slasher, Pânico em 1996 trouxe um sopro de novidade. Aliando um roteiro afiado, repleto de metalinguagem, protagonistas carismáticos e uma direção inspirada de Wes Craven, o filme virou a referência para o gênero na década e claro ganhou sequencias.
Depois de quase 11 anos após seu ultimo longa, a franquia está de volta em seu quinto exemplar, o primeiro sem Wes Craven falecido em 2015, mas que mantem bem seu legado em prestar homenagem para toda franquia, sua história e personagens, ao mesmo tempo que diverte, tira sarro de si mesmo e expande a mesma no senhor filme de terror.
No novo Pânico, estamos de volta para Woodsboro, onde um novo assassino mascarado surge e claro todo mundo conectado com o ataque da jovem Tara (Jenna Ortega, incrível) parece ser suspeito. A introdução dos novos personagens nessa história é um dos fatores fundamentais para Pânico dar certo. Essa premissa, repetida em todos os filmes até aqui, traz como primeiro diferencial a escolha dessas mentes criativas por trás do projeto, já que pela primeira vez um filme da saga não conta com a direção do mestre Wes Craven, além de ser a segunda sem o texto de Kevin Williamson, roteirista original que praticamente deu o tom do “quem matou?” sangrento e metalinguístico que a franquia se tornou.
O texto da dupla James Vanderbilt e Guy Busick é assertivo em celebrar o original mesclando com as tendências atuais sem ser puramente nostálgico, mas também sem fugir muito do seu marcante primeiro filme. Se utilizando bem de um dos maiores triunfos da franquia, sua metalinguagem, os roteiristas trazem ótimos diálogos bem irônicos sobre Hollywood e consegue ser bem mais aprofundado que seus exemplares anteriores. Fandom toxico, falta de criatividade, sequencias/reboot, terror social, tudo entra na salada de referencia que o filme faz e faz de forma incrível que não há como não se divertir assistindo e vendo os paralelos.
A direção da dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett que já mostraram que eram a escolha perfeita por seu Casamento Sangrento é inspirada! Todo a construção do clima é gradativamente feito com calma em enquadramentos claustrofóbicos que amplificam a angústia de cada ataque. Alias o Ghostface está mais brutal que nos anteriores, o que gera mortes bem sangrentas.
E tudo isso não seria possível se o elenco não fosse outro grande destaque. As voltas de Neve Campbell, David Arquette e Courteney Cox são acertadíssimas e eles trazem o ar de saudosismo ao novo filme, além de novos rumos aos seus personagens, mas se o elenco novo não fosse tão icônico quanto eles nada disso seria tão gostoso de assistir. Melissa Barrera e Jenna Ortega são incrivelmente críveis como as irmãs Carpenter, e você vai torcer por elas, não importa a quantidade de tempo de tela que elas tenham. Jack Quaid está hilário e charmoso como Richie. Jasmin Savoy Brown é outra que rouba a cena com sua Mindy, a conhecedora de filmes de terror e suas regras e que confere a metalinguagem algo a mais. Mason Gooding é uma adição divertida como Chad Meeks-Martin, o irmão gemeo da Mindy. O elenco ainda tem outros personagem clichês de longas de terror, a melhor amiga Amber (Mikey Madison), o casinho amoroso platônico de Tara, o jovem Wes (Dylan Minnette), a namorada ciumenta (Sonia Ammar), um cara sinistro que ronda o grupo (Kyle Gallner).
Pra finalizar eu posso dizer que o novo Pânico se mostra um acerto e tanto. O novo exemplar combina de forma hábil a reverência pelo material original enquanto cria algo que parece quase completamente novo. Com um Ghostface brutal e atuações na medida, fica a certeza que o legado de Wes Craven foi respeitado com dignidade.