Lançado em 1844, Os Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas é uma obra que já passou por várias adaptações em diversas mídias, algumas memoráveis e muitas outras nem tanto ( a sua última de 2011 é um ultraje!).
Eis que nesta quinta-feira dia 20, Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan é mais uma adaptação do clássico livro (um dos meus favoritos) sendo uma ambiciosa produção francesa dividida em duas partes( a próxima parte chega em dezembro desse ano focado na personagem da Milady) e filmadas ao mesmo tempo com um orçamento grandioso para o cinema francês. Contudo o longa consegue uma proeza de ser uma das adaptações mais fiéis ao seu material e mesmo com alguns excessos é uma boa produção para curti uma aventura clássica de capa e espada e estruturas políticas e nacionalistas que a obra de Dumas traz.
A trama acompanha o jovem gascão Charles D’Artagnan, que é deixado para morrer depois de tentar salvar uma jovem de ser sequestrada. Ao chegar a Paris, ele tenta por todos os meios encontrar seus agressores. Mal ele sabe que sua busca o levará ao centro de uma guerra real em que o futuro da França está em jogo. Aliado à Athos, Porthos e Aramis, Os Três Mosqueteiros do Rei, D’Artagnan enfrenta as maquinações sombrias do Cardeal de Richelieu e da misteriosa Milady Winter. Mas é quando se apaixona perdidamente por Constance Bonacieux, a confidente da Rainha, que D’Artagnan se coloca verdadeiramente em perigo.
A produção dirigida por Martin Bourboulon (Eiffel) e com roteiro de Matthieu Delaporte e Alexandre de La Patellière, tem em seu maior triunfo a fidelidade ao material original. Toda contetualização da época em seus mínimos detalhes engrandece a obra e pra os fãs do livro e os amantes de histórias de épocas é um prato cheio. Mesmo com toda a fidelidade o texto ainda consegue não ser tão restritivo para os não conhecedores da obra, apesar que alguns excessos de informações acabem prejudicando essa maior imersão.
Com a divisão da obra em dois capítulos, todas as maquinacões políticas, assim como as idas e vindas e aventuras que os protagonistas precisam passar na obra tendem a ser melhor abordado, um claro exemplo recente ao clássico Duna de Villeneuve.
O design de produção e fotografia do longa, é de encher os olhos, inclusive, ostenta de belos planos que mostram a França do século XVII com ricos detalhes, além de contar com um filtro sépia que casa-se bem com a trama. Por outro lado, algumas cenas noturnas necessitavam de mais iluminação. A construção de cenários e o reaproveitamento de edifícios seculares franceses é soberba, contendo uma magnificência visual de encher os olhos, tal como o design de figurinos, móveis, carruagens, objetos e armas.
A direção de Bourboulon apesar de não ter tanta identidade se faz eficaz. As cenas de ação tem um estilo de nos colocar diante dela, com câmeras bem próximas e algumas vezes de mão e com certas tremidas, pode ser um incômodo para alguns mas realizada com alguns planos sequências são bem elaboradas e até inventivas por assim dizer.
Nas atuações o longa se destaca principalmente nos intérpretes dos 3 Mosqueteiros Athos, Porthos e Aramis, que são majestosamente interpretados por Vincent Cassel, Pio Marmaï e Romain Duris, respectivamente. Cassel entrega um Athos experiente e com um ar trágico, enquanto Marmaï dá para seu Porthos uma divertida personalidade e Duris não poupa expressões sarcásticas para Aramis. Para o jovem ator François Civil na pele do protagonista D’Artagnan, falta um pouco mais de carisma,ainda mais pelo fato dele ter mais tempo de tela que o restante do elenco. Sua interação com Lyna Khoudri, que interpreta Constance, apesar de uma certa química é rasa. E com certeza o maior destaque, desde as artes promocionais do longa até nos trailers, vai para Eva Green que, apesar de não entregar uma Milady Winter à altura da personagem até o momento, já que ela terá mais visibilidade no próximo filme, tem uma presença impecável. Louis Garrel e Vicky Krieps completam o elenco, como o Rei Luís XIII e a Rainha Anne d’Autriche, e protagonizam as maiores críticas presentes na obra à monarquia e estão bem funcionais aqui.
Pra finalizar Os Três Mosqueteiros: D’Artagnan honra seu material original com fidelidade e destreza ao entrega uma trama cheia de conspirações e boas cenas de ação. Assim como a franquia Duna em dividir sua obra em duas partes para melhor adapta-la e conduzir ao público só saberemos o desfecho quando sua segunda parte estrear no final do ano.