A espera valeu a pena: a família mais incrível do mundo volta às telas do cinema. Ainda com Brad Bird na direção, Os Incríveis 2 consegue desenvolver melhor seus personagens e expandir seu universo sem perder a alma do filme. Apesar das diferenças no visual, a continuação investe mais no humor e entrega um resultado que é o sonho de todos que viram os filme nos anos 2000.
Começando exatamente do ponto que termina o primeiro filme, Os Incríveis 2 recupera uma parte da história que já tinha sido explorada antes: a proibição à ação dos super heróis. Quando um milionário saudoso decide lutar pela revogação dessa lei com a ajuda de Beto e Helena, os dois irão enfrentar um desafio pessoal. Isso por que a escolhida para realizar a missão é Helena, e não Beto, o que cria uma tensão familiar e uma discussão para o público: quais são os papeis de um pai e uma mãe numa família?
É claro, porém, que o filme trata isso de forma adaptada às crianças, sem discursos engajados desnecessários – ao invés disso, foi dado mais espaço para o desenvolvimento não só de Helena, mas de outras personagens femininas do filme. Com exceção de um ou outro diálogo forçado – em um, por exemplo, há a frase “ah, você está falando do mundo machista” -, a continuação acrescenta seriedade à trama de forma lúdica.
Dentro da família, a troca de papéis permitiu que víssemos um outro lado de Beto, que teve que deixar seu ego de Senhor Incrível de lado e lidar com sua dificuldade inicial de cuidar da rotina de seus filhos. Violeta, com seus problemas típicos de adolescente, foi um dos pontos mais engraçados do filme – principalmente nas suas interações com o crush Toninho Rodrigues (um daqueles coadjuvantes que, quando apareceram, renderam uma salva de palmas no cinema). Já Flecha é o personagem principal com menos importância para o longa – parece que a escolha foi “substituí-lo” pela descoberta dos (mil) poderes de Zezé, usada até a exaustão como piada.
O único ponto de desencontro entre o primeiro filme e este é o visual de alguns personagens. Em Os Incríveis, temos um mundo ambíguo, com objetos que remetem ora aos anos 60/70 ora a um mundo mais moderno – mas tudo isso funciona perfeitamente bem dentro do visual do filme. Na continuação, porém, a harmonia entre os elementos não existe mais, o que dá a impressão de que estamos vendo colagem confusa. O mesmo acontece com alguns dos novos personagens, que introduzem não só formas não-humanas que parecem muito estranhas, mas uniformes que destoam muito dos usados pelos protagonistas. (Aqui cabe uma crítica feroz: alguns heróis novos usam capas! Cadê a Edna pra consertar isso?).
Apesar disso e dos momentos que, em um caso, os personagens parecem um pouco off-character ou, em outro, há um abuso de um humor extramente bobo, a franquia manteve a mesma qualidade. As piadas divertem – especialmente às adaptadas pela dublagem brasileira – e a relação familiar, central para os filmes, evolui muito bem. É difícil dizer se o primeiro longa foi ou não superado, mas a certeza é que Os Incríveis 2 fez jus à sua história e a seu público e ainda conseguiu se manter relevante nos dias de hoje.
Vi o filme essa semana, concordo muito com o lance dos novos super heróis, eles meio que destoam de todo o resto do filme, mas acho que a relação de temporalidade continua boa. Não sei se deixei passar isso ou a animação escondeu porquê, gente, está tão linda a animação desse filme, tem uns quadros que dava pra imprimir e botar na parede! Ótimas observações.