Lançada em 2013, Os Croods trouxe em uma divertida animação a família mais querida da Era pré-histórica e divertiu com uma trama simples, mas bem desenvolvida sobre a relação entre pais e filhos. Sendo indicada ao Oscar e rendendo 587,2 milhões de dólares em bilheterias globais, era questão de tempo para que uma continuação fosse realizada pela Dreamworks, mas demorou 8 anos para que Os Croods 2: Uma Nova Era chegasse as telonas.
Lançado em 25 de novembro do ano passado nos EUA e chegando enfim agora em julho desse ano nos cinemas nacionais a sequencia traz o humor característico da família juntamente com boas temáticas: como o embate cultural entre dois povos, protagonismo feminino, a glamoralização do individualismo e sensibilidade masculina. Isso tudo, é claro, sem deixar o mais importante de fora: entreter o público infantil.
A nova aventura em questão, mostra a família pré-histórica Crood descobrindo um paraíso isolado que atende a todas as suas necessidades. Infelizmente, eles também devem aprender a viver com os “Bemelhores”, uma família que está alguns degraus acima dos Croods na escada evolutiva. À medida que as tensões entre os novos vizinhos começam a aumentar, uma nova ameaça logo impulsiona os dois clãs em uma aventura épica que os força a abraçar suas diferenças e se fortalecerem e sobreviverem juntos.
O roteiro escrito pelo quarteto formado por: Kevin Hageman, Dan Hageman (Histórias Assustadoras para Contar no Escuro), Paul Fisher (Lego Ninjago: O Filme) e o estreante Bob Logan se utiliza de estruturas já conhecidas para desenvolver seus arcos de forma simples e efetiva para todos os públicos. Apesar de suas tais objetividades, há uma certa perda de foco inicial, quando achamos que o filme trará mais sobre o passado do Guy, ele meio que se ruma para ser trazer os atritos entre as diferentes culturas familiares, o que pode ser um pouco decepcionante para quem queria ver melhor esse desenvolvimento, já que o personagem se torna meio um interesse amoroso em meio a briga das famílias.
Mas se há essa perda de foco inicial, o longa traz uma interessante quebra de paradigmas que estamos acostumados a ver e principalmente na temática feminista, já que as mulheres desempenham um papel de grande destaque na trama, tendo inclusive momentos épicos e divertidíssimos. Alias até a possível ideia de triangulo amorosa é descartada de forma bem trabalhada pelo longa.
Embora os personagens masculinos fiquem mais de lado, ainda há momentos que valem destacar, como o embate direto de duas ideias muito distintas e pouco flexíveis sobre o que é ser um bom pai, entre Grug Crood e Phil Betterman (Peter Dinklage). Além disso, ambos pais protagonizam sensíveis e frágeis situações, humanizando essa imagem de homem “másculo” e de “provedor da casa”, que costuma colocá-los num pedestal de racionalidade, livres de sentir qualquer dor, alegria ou emoção.
O longa ainda oferece grande exuberância visual, sem economizar na paleta de cores utilizada nos mais diversos e exóticos cenários e não deixa de lado algumas críticas, mesmo que fazendo-as de maneira discreta, como o excesso de tempo que passamos em frente ao celular ou aparelhos tecnológicos e a “fuga” da família e das obrigações domésticas que alguns homens fazem em diversos lares.
Os Croods 2 transparece que as diferenças culturais não estão necessariamente certas ou erradas e destacam-se justamente pelo mais simples, mas de nada vale se não soubermos respeitar uns aos outros. Junto com o público, os personagens percebem ao longo do filme que o que torna o ser humano diferente um do outro é o que lhe faz único de uma forma praticamente didática, disposto a segurar na mão das crianças e oferecer uma bela lição de convivência e cidadania na sua estadia na sala de cinema.
E também não posso deixar de exaltar nossa dublagem que traz Rodrigo Lombardi e Juliana Paes excelentes em seus personagens, assim como o restante que deixam o longa ainda mais divertido!