Orange Is The New Black estreou em 2013, na Netflix, fazendo sucesso por retratar protagonistas femininas em uma prisão e seus dramas diários, ficou conhecida pela quebra de tabus, denúncias e críticas à sociedade estadunidense.
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Em seu último ano, podemos acompanhar nossas queridas detentas em situações bem diferentes de como as conhecemos. OITNB tenta conciliar seu fechamento com um momento de despedidas e recomeços, sem perder de vista o contexto político, histórico e econômico do país, abordando não só temas como comportamentos abusivos e tóxicos, e as consequências do controle corporativista ocupando o local do Estado de tutela das presas (como o de costume), mas também da crise imigratória e suas consequências frente às ações de hostilidade do governo americano.
O enredo se desenvolve a partir da saída de Piper (Taylor Schilling) da prisão, apesar de ter alcançando o sonho de liberdade de muitas detentas, ela descobre que sua vida nunca mais será a mesma, não é possível apagar a parte de si que descobriu ao viver em Lichfield, muito menos lidar facilmente com seu relacionamento à distância.
Enquanto Piper aprende a lidar com seus novos desafios, sua esposa, Alex (Laura Prepon), tenta se manter fora de problema, mas acaba atraindo confusões e parece não conseguir fugir de situações de abuso em relação aos carcereiros, sendo forçada a traficar, mesmo que isso signifique um risco para o cumprimento de sua pena.
Muitas personagens se transformam e se distanciam do que conhecemos no início da série, Daya (Dasha Polanco) é uma delas, bem diferentes da menina que conhecemos na primeira temporada, depois de passar pela rebelião e por diversas violências, ela assume o controle do tráfico do bloco, além dos novos problemas com vício e um difícil relacionamento com sua mãe.
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Também vemos que as consequências da rebelião ainda podem ser sentidas por Taystee (Danielle Brooks) e Cindy (Adrienne Moore), após a morte de Piscatella (Brad Henke), causando o rompimento da sua amizade.
Em meio às transformações da prisão federal de Litchfield, passamos a conhecer o centro de detenção que mantém confinados os cidadão que possuem situação ilegal nos Estados Unidos, mantido pela mesma corporação que é responsável pela penitenciária, que está sempre preocupada em sua imagem e suas margens de lucro. Nele reencontramos algumas personagens e podemos ver as consequências do tempo de dos traumas em outras.
Relacionamentos e traições, suicídio, enfrentamento de traumas, envelhecimento e choques culturais são temas recorrentes nos novos episódios. E dentre os desafios que já conhecemos, viver em sociedade enquanto uma pessoa que está à margem dela continua sendo, sem dúvida, o maior deles.
O tempo passou deixando suas marcas em uma das primeiras séries originais de sucesso da Netflix. Ao logo dela pudemos acompanhar as histórias de diversas mulheres e suas trajetórias antes da penitenciária de Litchfield, conhecemos suas vivências anteriores, seus traumas e motivações, através de diversos flashbacks. Essa estratégia narrativa acompanha a série desde a sua primeira temporada, e, embora nos ajude a compreender melhor as personagens e a criarmos laços afetivos, é de se esperar que ela se esgotasse em algum momento.
Há algum tempo, os flashbacks parecem não ser tão essenciais como nas duas primeiras temporadas, e não parecem expressar tão bem as histórias e particularidades das personagens que acompanhamos há tantos anos.
O desgaste da série também é visível no rumos que muitas personagens tomaram, tão distantes do que conhecemos. A transformação aqui não é um problema, mas a sim a forma superficial e preguiçosa que ela às vezes acontece. Onde poderiam ser apontados momentos de superações e quebras do ciclo da violência e do retorno à prisão, acabam sendo estragados na busca de uma dramaticidade ou alívio cômico, muitas vezes desnecessários.
É chegada a hora de finalizar esse capítulo, encerrar essas histórias evitando um desgaste ainda maior, e tentando resgatar de forma nostálgica elementos que conquistaram o seu público. Orange Is The New Black deixa sua contribuição na relação com o protagonismo feminino, negro, latino e LGBTQ+, além das suas duras críticas ao sistema prisional punitivista, da desumanização das presas e das relações opressoras machistas e patriarcais. É momento de dizer adeus.
Todas as temporadas de Orange Is The New Black estão disponíveis na Netflix.