Oppenheimer | Nolan entrega uma obra densa sobre a vida e os dilemas de uma figura que mudou o mundo pra sempre

Danilo de Oliveira
6 Min de Leitura

Christopher Nolan é um diretor megalomaníaco na sétima arte, isso ninguém tem dúvidas. Dono de obras como a Trilogia Batman, A Origem, Interstelar e O Grande Truque entre outros, o realizador sempre quis passar uma sensação de grandeza em seus projetos, com uso de efeitos práticos em sua maioria, filmagens em grandes formatos ( esse é fã fervoroso do IMAX) Nolan a cada vez mais que mostrar esse nível de qualidade técnica em seu cinema.

Depois de um turbulento fim da parceria com a Warner Bros. durante a pandemia com o lançamento de Tenet, que não foi tão bem de bilheteria na época, o diretor encontrou na Universal Pictures seu novo lar para seu mais novo e ambicioso projeto: Oppenheimer.

Universal Pictures/Reprodução

A história do considerado “pai” da bomba atômica é um longa denso que entrega as características do cinema do diretor e juntamente de um elenco de astros confere grandeza ao narrar a jornada e os dilemas desse figura genial que definiu os novos ares do mundo moderno.

O filme acompanha a vida do físico teórico da Universidade da Califórnia e diretor do Laboratório de Los Alamos durante o Projeto Manhattan – que tinha a missão de projetar e construir as primeiras bombas atômicas, que foram responsáveis pelas mortes de dezenas de milhares de pessoas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945.

Universal Pictures/Reprodução

O roteiro do próprio Nolan, constrói uma narrativa não linear para nos mostrar momentos da vida do físico, sua relação amorosa e seus amigos,sua ascensão a ser diretor do projeto militar e como sua criação se tornou seu dilema moral seu declínio.

Apesar de parecer se vender em cima do famigerado Projeto Manhattan, o maior tema do filme é sobre como a genialidade muitas vezes pode se voltar contra a sua ideia de como o mundo funciona.

Para os olhos de Oppenheimer a criação da bomba atômica colocaria um fim nas guerras e traria uma nova era para a humanidade. De certa forma, ela acabou com o conflito da época e mudou o mundo, mas ajudou em uma escalada que não era a sua intenção. Sua genialidade abriu portas para outros homens atravessarem e seguirem seus próprios caminhos, deixando o físico e seus ideiais para trás – um paralelo que o roteiro traça muito bem com o mito de Prometheus, que na mitologia grega entregou aos homens o fogo do conhecimento dos deuses e acabou sendo punido. Esse paralelo, desenvolvido em formato que mescla uma biografia com uma produção de investigação e disputa política transforma as 3 horas densas do projeto em algo grandioso e muito bem conduzido pelo diretor.

Na parte técnica, é difícil dizer o que não funciona, porque Nolan e sua equipe é genial. O trabalho de som e mixagem é impressionante! O teste da projeto aliados a montagem que mescla conceitos físicos intercalando com diálogos é feito de forma magistral, a trilha sonora de Ludwig Gorasson (em mais uma parceria com Nolan) é genial! O compositor traz uns sons de sintetizador com palmas e sapateados no chão que criam momentos angustiantes. Sem dúvidas um dos grandes favoritos a premiações no final do ano.

Universal Pictures/Reprodução

Mas nada seria impressionante, se o elenco estelar não estivesse a altura, e olha ninguém decepciona. Cillian Murphy traz uma fisicalidade incrível ao seu Robert Oppenheimer, com um carisma magnético. Robert Dowley Jr. talvez em seu melhor papel da carreira, entrega uma figura antagônica ao Oppenheimer com uma arrogância latente a como era várias figuras na década de 50.

Não posso deixar de falar de Emily Blunt que também está excelente, sendo uma personagem forte e que sempre recoloca o protagonista a continuar suas idéias. Apesar do pouco tempo de tela, Florence Pugh concede uma parte mais sentimental e trágica da vida do personagem.

Some isso a um elenco impressionante de coadjuvante como Matt Damon, Gary Oldman, Raimi Malek, Jack Quaid, Casey Affleck entre outros e cada um com seu momento pra desempenhar e temos um longa acertivo de Nolan.

Universal Pictures/Reprodução

Oppenheimer mostra novamente a grandiosidade de Christopher Nolan. O diretor pode ter derrapado em alguns momentos por esse ego inflado, mas é impossível discordar que quando ele acerta, ele faz bonito. Serão 3 horas que retratam o quão denso e difícil foi a vida de um homem que se tornou o próprio Prometheus americano e definiu um era com sua genialidade, para o bem ou para o mal.

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