Oferenda ao Demônio | Terror mediano que perde pela falta de emoção em seu roteiro

Priscila Dórea
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Em Oferenda ao Demônio, após o desaparecimento de uma jovem judia, o filho de um agente funerário hassídico volta para casa com sua esposa grávida na esperança de se reconciliar com seu pai. Mal sabem eles que logo abaixo deles, no necrotério da família, um antigo mal, Abyzou, tem planos sinistros para o “feto” que se esconde dentro de um cadáver misterioso.

Primeiro, é importante saber que Abyzou era – de acordo com os mitos e folclores do Oriente Médio e da Europa -, um demônio feminino que, por ser infértil, era tomada por inveja e rancor da humanidade, e por vingança causava abortos espontâneos e matava crianças ainda no útero da mãe. Dito isto, já se pode imaginar do que se trata o filme e que teremos cenas angustiantes com grávidas em perigo.

O demônio escolhido – que em alguns estudos também é chamado de Lilith -, aborda uma premissa interessante de se pôr na tela, mas o filme apenas… É só mais um. A verdade é que nos dias de hoje já não esperamos muito de um filme de terror, então quando assistimos um que trás algo surpreendente, nos animamos com eles, mas Oferenda ao Demônio fica ali na lista dos filmes medianos.

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Não é um filme ruim, mas também não é espetacular. As atuações, por exemplo, são corretas, por assim dizer: os atores são bons, mas não há nada no roteiro que exija uma grande interpretação deles, e quando cenas que poderiam trazer isso à tona surgem, eles fazem o suficiente. O ritmo do filme também não é dos piores e funciona suficientemente bem para a proposta, e é esse o mesmo caminho que a trilha sonora, a fotografia, efeitos visuais e até mesmo o cenário seguem.

Tem muitos clichês de filmes de terror também, principalmente no que diz respeito ao quadro de personagens: tem o filho que saiu de casa e volta com segunda intenções; a esposa que não sabe dos planos do marido e acaba sendo a que mais corre perigo; o patriarca que deseja se redimir pelos erros do passado; o membro da família desbocado que não tem filtro e fala “verdades”; a senhora estranha com falas misteriosas, e aquele que surge do nada e é o único que sabe como salvar todos.

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Seguir o caminho “correto” não é um defeito, mas deixa o filme esquecível e é isso que acontece em Oferenda ao Demônio, pois um filme “correto” ainda pode nos surpreender. É um filme que você consegue assistir, e até mesmo entrar no ritmo e no clima dele com algum esforço, mas não há nada muito bom ou muito ruim que vá fazer com que você, futuramente, lembre da produção por nada além “acho que já vi esse filme”.

Uma das razões disso, talvez, seja o pouco aprofundamento que se tem na história da Abyzou e provavelmente até mesmo mostrar mais vítimas dela do passado. Talvez acrescentar isso não fizesse realmente uma grande diferença, mas traria mais riqueza para história, pois o filme é meio moroso e sem cenas marcantes o suficiente para te prender pela emoção do momento. Você continua assistindo porque ele não é de todo ruim, então não há razão para simplesmente desligar, trocar de canal ou sair da sala.

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Oferenda ao Demônio é quase como um filme de terror da Sessão da Tarde, não tem nada muito pesado, mas algumas cenas poderiam deixar alguns desconfortáveis – então seriam cortadas na transmissão. É um filme mediano, que vale assistir para passar o tempo, mas que não deixa muita emoção pós-filme.

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Jornalista e potterhead para toda eternidade, tem um amor nada secreto por mangás e picos de felicidade com livros em terceira pessoa. Além de colaboradora no Cinesia Geek, é repórter do Grupo A Tarde e coapresentadora do programa REC A Tarde.
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